Todos os anos por esta altura o país agita-se com a lista das melhores escolas do país.

É assim há 20 anos. Por mais que no rescaldo da publicação anual venham vozes de todos os lados criticar a divulgação dos rankings das escolas, a verdade é que todos os pais com crianças em idade escolar agradecem a informação. E já agora devem agradecê-la ao publisher deste jornal, José Manuel Fernandes, que com um grupo de outros – poucos – cidadãos, se bateu pelo acesso público a esses dados.

Não sou especialista na área, a não ser pelo facto de ter dois filhos em idade escolar e, portanto, naturalmente interesso-me pela realidade educativa. Tenho a sorte de fazer parte de um grupo muito restrito de Portugueses que podem, mesmo que com sacrifício, escolher a melhor escola para os filhos.

Mas o meu tema de hoje não diz essencialmente respeito aos meus filhos, onde a opção entre o público e o privado se faz e se fez em momentos diferentes, tendo sempre como critério a melhor escolha para cada um deles.

O que me traz hoje aqui diz respeito a todas as nossas crianças e jovens. É por isso que, por mais que custe aos especialistas, reafirmo que a informação dos rankings interessa sim e muito àqueles que devem ser os principais beneficiários das escolas: os alunos.

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Se fizermos o esforço de deixar de lado políticas, ideologias e interesses corporativos e olharmos simplesmente para a informação que um ranking naturalmente nos dá, verificamos que ali está a questão essencial para qualquer aluno. Quais são as melhores escolas. Tudo o resto são considerações e debates que favorecem pouco o utilizador.

Ora, diante do conhecimento sobre as melhores escolas, e defendendo o princípio da igualdade de acesso para todos sem distinção de estrato social ou poder económico da família, qual deveria ser a consequência lógica desta informação? Criar condições para que todos pudessem escolher a escola em igualdade de circunstâncias. E porque é que não o fazem? Porque há uns senhores na 5 de Outubro e em São Bento que decidem só dar acesso a umas quantas escolas específicas. As escolas públicas. Resultado, quem pode escolhe, quem não pode sujeita-se ao que o Estado lhe tem para oferecer.

Era difícil mudar estas circunstâncias? Não. Bastava que a verba que pagamos de impostos e que é utilizada para a educação da cada criança, fosse atribuída diretamente aos pais, dando-lhes a liberdade de escolherem a escola que querem para os filhos. Isto é contra a chamada escola pública? Não. Digamos que, desta forma, todas as escolas passariam a ser escolas públicas. Aumentaria assim a probabilidade de que o nosso sistema de ensino tivesse significativas melhorias, como sempre acontece quando se estimula a concorrência.

Resultado, na ótica do utilizador, fazer as mudanças óbvias permitia diminuir desigualdades, dar efetiva igualdade de oportunidades a todos e assim aumentar o elevador social no país. Tantos problemas que se resolviam com um olhar objetivo para dados objetivos.

Que me desculpem os especialistas e cientistas destas áreas, mas tudo o que vou ouvindo sobre os malefícios dos rankings só me convence do contrário. Qualquer pai ou mãe sabe bem que uma escola não se faz só de avaliações e para escolher a escola certa para um determinado aluno, numa determinada fase da vida, existe a liberdade de escolha. Não é o Estado que sabe qual a melhor escola para educar o meu filho. Ao Estado compete garantir que as escolas existem e que a elas temos acesso, de preferência em igualdade de circunstâncias. É isto.