Vivemos, nos dias que correm, debaixo de uma chuva de informação constante. Alguma boa, alguma má. Uma fake, outra nem tanto, mas temos nesta geração o grande desafio de filtrar esse fluxo e de conseguir formar uma opinião sólida com base naquilo que nos é exposto.
De forma altamente demagógica, alguns sectores sempre gostaram de ligar a Regionalização com conceitos altamente impopulares como “aumento do Estado”, “divisão do território” ou os célebres “tachos”, condicionando, assim, a opinião pública e não promovendo um debate aberto, honesto e clarividente.
Portugal não foi e não é, pelo menos na maior parte da sua existência, governado de forma “una e indivisível”. Goste-se ou não, concordemos ou não, a história fez com que o território nacional se estendesse por todas as geografias do globo, o que tornava difícil uma governação centralizada em Lisboa. Mesmo agora, em democracia, as regiões autónomas dos Açores e da Madeira gozam, e bem, de parcial autonomia legislativa.
Quanto ao aumento do peso no Estado, dificilmente poderíamos observar essa realidade uma vez que com a criação de estruturas locais iríamos reduzir, e muito, a estrutura central. Criaríamos novos centros nevrálgicos ao invés de uma enorme capilaridade como hoje observamos. O segredo não está num Estado maior ou menor por decreto, está num Estado com o tamanho ajustado às necessidades e que funcione.
Portugal funciona, feliz ou infelizmente, a diversas velocidades. O que é verdade em Lisboa dificilmente o é em Bragança. A vivência em Aveiro em pouco se pode comparar com a de Évora da mesma forma que as necessidades de quem vive no Porto não poderiam ser mais dispares das de um açoriano. Não é mais possível continuarmos a viver num país que promove a igualdade, temos de reivindicar antes a equidade. Para termos igual acesso às oportunidades, temos de ajustar as instituições às necessidades de quem elas servem. O que temos neste momento é o estado como instituição central, cego e surdo, que debita directrizes tendo como base o que se passa nos grandes centros urbanos, não havendo capacidade de implementação regional por motivos da já falada capilaridade. Urge aproximar o Estado das pessoas, urge uma legislação à medida do local e da população onde vai ser aplicada.
Regionalizemos. Não como forma de separar o território mas antes como forma de integrar cada vez mais a população. Vivemos tempos onde a desconexão entre o poder e a população leva à polarização e à deslocação para os extremos. Integremos, aproximemos, façamos as pessoas sentir que quem faz as leis conhece a sua realidade.
Nunca podemos esquecer uma coisa. O mesmo dia de chuva representa um péssimo dia para o Turismo no Litoral, e uma bênção para a agricultura no Interior.