Não pode haver dúvidas. A Rússia está a trabalhar ativamente para minar as democracias ocidentais através de ataques cibernéticos, campanhas de desinformação e outras atividades nocivasna Europa e na América. Em Portugal, a comunicação social tem noticiado que a Rússia levou a cabo ataques cibernéticos contra os sistemas de informação do Ministério da Defesa e do Ministério dos Negócios Estrangeiros. No início do ano passado vimos meios de comunicação social patrocinados pelo Estado russo lançar uma campanha de desinformação sobre as Lajes que afetou diretamente a indústria do turismo dos Açores. Felizmente, os Estados Unidos e Portugal mantêm-se firmemente unidos para se apoiarem e protegerem, a si mesmos e aos seus aliados e parceiros, deste tipo de agressão, inclusivamente a Venezuela.
No final de março, Malta deu autorização a uma aeronave russa para sobrevoar o seu espaço aéreo, no trajeto da Síria para a Venezuela, no que foi apresentado como uma missão “humanitária”.
Descobriu-se, no entanto, que na verdade os russos levaram militares e equipamentos para a Venezuela para apoiar as forças brutais de Nicolas Maduro.
Os russos enganaram as autoridades maltesas sobre as suas intenções. Malta, como Portugal, é um dos vários países europeus que apoiam o presidente interino Juan Guiadó, e não se teria pronunciado favoravelmente sobre um voo deste tipo.
Os malteses, com todo o direito, fizeram exercer a sua soberania e negaram os subsequentes pedidos de sobrevoo a aviões russos que tentavam voar para a Venezuela, mantendo-se firmes no seu reconhecimento de Guaidó, e no seu apoio à transição para a democracia na Venezuela. Saudamos Malta por negar a utilização do seu espaço aéreo – bem como do seu porto – para o objetivo ilícito de ajudar e apoiar o regime de Maduro.
O que se passou em Malta evidencia uma triste realidade: o Kremlin não é de confiança. Os jogos que a Rússia tentou utilizar com os malteses são a continuação de um padrão obscuro de dissimulação, que inclui manobras que podem escalar facilmente, como são exemplo as invasões da Geórgia e da Ucrânia, em 2008 e 2014, respetivamente. Ambas as invasões foram conduzidas sob falsos pretextos e sob uma núvem de desinformação.
O Kremlin também negou — e mentiu — sobre o abate do voo 17 da Malaysian Airlines em 2014, o envenenamento de cidadãos britânicos com um agente nervoso de nível militar em Inglaterra no início de 2018 e a evidência clara de que militares russos armam, treinam e lutam ao lado de forças que atuam em sua representação no leste da Ucrânia, onde mais de 13.000 pessoas já morreram como resultado deste conflito artificial, imposto por Moscovo. Agora, na Venezuela, o Kremlin deixou claro mais uma vez que está disposto a encobrir as suas tentativas de apoiar um líder ilegítimo com falsas alegações de oferecer “ajuda humanitária”.
Na Europa, Portugal juntou-se a 26 nações no apoio à Assembleia Nacional Venezuelana, eleita democraticamente, e ao presidente interino, Juan Guaidó. Infelizmente – embora previsível – a Rússia respondeu aumentando o seu apoio a Maduro. Até hoje, a forma mais preocupante desse apoio tem sido o envio de aeronaves e pessoal militar russo para a Venezuela, uma escalada imprudente da já terrível situação. Sob o reinado de Maduro, a Venezuela sofreu um colapso económico quase total, com inflação desenfreada, escassez de alimentos e remédios, e 90% da sua população a viver na pobreza. Mais de 850 presos políticos estão a definhar nas prisões, enquanto mais de 3,6 milhões de pessoas fugiram do país, com milhares de pessoas a partir todas as semanas.
Os Estados Unidos estão a trabalhar ininterruptamente e em várias frentes para ajudar o povo venezuelano, seja no imediato com ajuda humanitária, seja a longo prazo, enquanto parceiros do governo legítimo de Juan Guaidó, à medida que se restabelece a democracia na Venezuela.
Felicito o governo português por apoiar as aspirações democráticas do povo venezuelano. Juntos, devemos recusar ceder às mentiras e agressões vindas de Moscovo.
Embaixador dos Estados Unidos