Não é admissível que haja pessoas presas dentro das suas próprias casas à espera de autorização de quem domina um bairro, para poder sair.
Não é admissível que haja pessoas, muitas delas com mobilidade reduzida, que ficam à mercê da ajuda dos vizinhos e de familiares para poderem ir à rua, porque as caixas dos elevadores estão a ser usadas como depósitos de armazenamento de droga.
Não é admissível que haja pessoas que não chamem a polícia quando há desacatos na rua, casos de violência doméstica, ou quando há vizinhos que fazem festas pela madrugada adentro, sem respeitar o direito ao descanso dos restantes, porque têm receio de serem ameaçadas pelos desordeiros.
Não é admissível que andem a queimar caixotes do lixo, autocarros ou carros, seja de quem for.
Não é admissível que tenham ateado fogo a um condutor da Carris, estando esse homem atualmente em coma.
Não é admissível que as pessoas sejam julgadas ou discriminadas por morarem num determinado bairro, quando tudo o que fazem é trabalhar naquilo que ninguém quer fazer.
Não é admissível que todos os polícias sejam acusados de racismo ou violência policial, assim como não é admissível que todos os moradores da Cova da Moura ou do Bairro do Zambujal sejam acusados de serem bandidos.
Não é admissível que a polícia seja apedrejada.
Não é admissível que os autocarros sejam apedrejados.
Acho que concordamos todos, que estas inadmissibilidades o são em qualquer parte do país, mas continuando…
Todos somos iguais perante a lei.
Todos aqueles que vestem uma farda da polícia devem estar ao “serviço da Ordem, ser prudente sem fraqueza, firme sem violência, sereno e valoroso no perigo. Respeitar os direitos e garantias individuais e zelar pelas liberdades democráticas.”
Todos aqueles que não respeitam a lei devem ser julgados e punidos, independentemente de usarem farda ou não, porque ninguém pode estar acima da lei.
Todos aqueles que, diariamente, lidam com o pior que a humanidade tem para oferecer querem sentir-se seguros, porque só com segurança podem ser livres.
Todos aqueles que pedem auxílio à polícia querem rapidez na resposta, independentemente do local onde estejam.
Todos temos o dever de respeitar aqueles que sacrificam a própria vida para responder aos nossos pedidos de socorro.
Acho que facilmente concordamos com todos estes deveres.
Chegados a este ponto, se concordamos com as 391 palavras que aqui escrevi, parece-me que temos muito mais em comum, do que aquilo que nos separa.
Aliás, normalmente a separação é promovida por aqueles que têm alguma coisa a ganhar com isso. O que seria da extrema-esquerda se não inflamasse o discurso do racismo contra a polícia? O que seria da extrema-direita se não usasse a polícia como instrumento para atacar as populações que não consideram ser “Portugueses de bem”?
De qualquer forma, não podemos fingir que os problemas não existem.
Existem e devem ser resolvidos para que o vandalismo e o crime não saiam impunes.
Esses maus elementos, estejam eles onde estiverem, não podem continuar a manchar o bom nome de comunidades inteiras que só querem dar um futuro melhor aos seus filhos; nem podem manchar a dignidade de uma das mais nobres profissões, que é a de ser polícia.
Se não estivermos juntos, os extremistas e oportunistas vão continuar a aproveitar o momento e o medo para se autopromover; enquanto isso, os problemas vão continuar a aumentar, por ser terreno fértil para os criminosos. Se estivermos juntos em querer resolver os problemas, estes distúrbios serão uma má memória da nossa história recente e estou certa de que vamos ser capazes de mostrar que, de facto, somos uma Nação Valente.