5 de dezembro, Dia Internacional do Voluntariado. Foi criado pelas Nações Unidas em 1985 para celebrar o voluntariado e promover os seus valores. Valores de entreajuda, igualdade, inclusão social e tolerância direcionados num exercício de cidadania que promovem os objetivos do desenvolvimento na comunidade local e global.
Em Portugal este exercício tem vindo a crescer, mas os números são muito inferiores à média europeia. Seremos menos solidários em Portugal ou estaremos menos informados em relação ao que é ser voluntário e fazer voluntariado? Somos igualmente solidários, mas não sabemos como o fazer? Concordamos com o voluntariado, mas na realidade não sabemos do que se trata na sua plenitude? Tem o voluntariado importância por si ou é apenas um título?
Existem muitas perguntas e dúvidas que surgem em conversa. A maioria das vezes, quando digo que sou voluntária há 10 anos e que conheço pessoas que o são há mais de uma década, questionam: “Como é possível?” Oiço ainda frases na linha de: “o voluntariado é só para quem tem tempo livre”, ou “o voluntariado é só para quem está desempregado ou reformado”. Estes comentários revelam desinformação e tendem a multiplicar-se, mas importa esclarecer que o voluntariado é para quem o quer fazer e, na medida do que possa oferecer, fazê-lo sempre de forma altruísta e responsável. É necessária alguma formação e entender que existem direitos e deveres para quem o faz e que os resultados das suas ações não representam meramente atos solidários ocasionais, mas sim o resultado de um interesse social e comunitário e sempre no âmbito de um projeto.
O caminho do voluntariado pode ser feito de diferentes formas. Um voluntário pode, por exemplo, dedicar-se em exclusivo ao voluntariado durante um período, mas esta não é a única forma de o praticar. Quando aplicado à nossa profissão apresenta ganhos imensuráveis. Contudo, parece existir ainda uma certa preocupação por parte de algumas entidades empregadoras de que o voluntariado profissionalizante possa resultar num descurar das funções para as quais o profissional foi contratado. Mas no âmbito da promoção de respostas sociais esta premissa não poderia estar mais errada. Em várias áreas profissionais já se valorizam estas competências, que não colidem com os resultados laborais, mas acrescentam valor aos mesmos.
No que toca à saúde oral por todo o mundo, a presença de desigualdades na promoção de saúde oral representa um fator de determinante social que evidencia falta de acesso a cuidados de saúde básicos. Em Portugal, a maioria dos cuidados de saúde oral são prestados em ambiente privado, carecendo de respostas sociais que promovam literacia e tratamentos dentários de forma igualitária para todos. Existe um custo acrescido para as famílias que recorrem aos cuidados de saúde oral e a 31,1%* da população faltam de 1 a 5 dentes. Se estendermos a nossa análise e procurarmos dados em países de língua portuguesa oficial, os cuidados de saúde oral são praticamente inexistentes, com falta de recursos humanos, infraestruturas e literacia em saúde oral por parte da população.
O voluntariado profissionalizante pode ser uma forma de resposta social às desigualdades em saúde oral. Não só em Portugal, mas em outros países. Competências profissionais fazem falta à resposta das necessidades e ao trabalho em comunidade. O voluntariado profissionalizante é compatível com a execução da profissão, sendo que, a colaboração das entidades empregadoras, podem torná-la numa solução mais democrática. Neste dia 5 de dezembro celebremos a “arte” do voluntariado e a forma como podemos ser e estar de forma mais global no Mundo direcionando as nossas competências profissionais para o bem geral, de forma responsável e altruísta.