O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi, responsabilizou os governos pelos próximos passos na resposta à crise económica. “Estamos perante uma configuração – crescimento fraco, inflação fraca, dívida e desemprego elevados – que só se pode resolver com uma ação concertada na procura e na oferta”, afirmou Draghi num discurso proferido num fórum financeiro em Milão, cujo sumário foi colocado no sítio do BCE na internet. A resposta à crise “precisa de que todos os atores, ao nível nacional e europeu, desempenhem o seu papel”, acrescentou.
Em particular, “poderia ser útil ter uma discussão sobre a orientação orçamental global da Zona Euro, com o objetivo de aumentar o investimento público onde existam margens orçamentais para o fazer”. A este respeito, as instituições europeias têm “um papel complementar a desempenhar para apoiar a recuperação do investimento público”. Fazer arrancar o investimento na Europa em geral e na Zona Euro em particular é vista como crucial para tirar a região de uma situação de debilidade económica. O tema é uma prioridade da nova Comissão Europeia e vai ser abordada durante uma reunião dos ministros das Finanças europeus, em Milão, na sexta-feira e no sábado.
O apelo de Draghi não deverá agradar à Alemanha, que se quer concentrar nas formas de estimular o investimento privado. O BCE anunciou uma série de medidas de política monetária para estimular a atividade económica, como a descida da principal taxa de juro de referência para os 0,05% ou a compra de produtos financeiros para estimular a concessão de crédito. Mas “nenhum estímulo da política monetária, nem mesmo orçamental, não pode ser coroado de sucesso se não for acompanhado de boas políticas estruturais, como medidas que estimulem o crescimento e deem confiança”, advertiu Draghi. Estas reformas, adiantou, devem ser feitas no respeito das regras orçamentais europeias.