Edite Estrela e José Lello são alguns dos socialistas que saíram em defesa da ex-ministra da Educação de José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues, condenada na segunda-feira a três anos e meia de pena suspensa pelo crime de prevaricação de cargo político.
“Esta condenação prova que a justiça portuguesa condena com base em convicções e não em factos”, comentou a ex-eurodeputada no Twitter. Edite Estrela alinha na mesma linha de reação de Maria de Lurdes Rodrigues à condenação: a de que foi vítima de “perseguição política”. “Estou farta de assistir à politização da justiça” e “num país onde a justiça funciona mal não há verdadeira democracia”, escreveu Edite Estrela, acrescentando: “É esta a justiça portuguesa? Num país da União Europeia”.
Maria de Lurdes Rodrigues foi condenada por ter contratado, enquanto era ministra da Educação, um colaborador (irmão do ex-dirigente do PS Paulo Pedroso) por ajuste direto, tendo o tribunal considerado que não era um trabalho necessário. A ex-ministra de Sócrates considerou, em comunicado, que estava a ser vítima de “preconceito sobre ex-governantes” e que se tratou de “um precedente grave” na justiça portuguesa.
José Lello, ex-ministro do Desporto de António Guterres e ex-dirigente do PS com José Sócrates, partilhou no seu Facebook o comunicado de Maria de Lurdes Rodrigues, recolhendo comentários de simpatia em relação à ex-ministra.
“Totalmente absurda”. É assim que o ex-ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares de Sócrates, Augusto Santos Silva, que depôs neste caso como testemunha de defesa, classifica a condenação.
“Porque me indigno? Por cidadania. Qualquer que fosse o arguido, eu gostaria que ele enfrentasse, no tribunal, a Justiça, não o Correio da Manhã”, escreveu no Facebook, acrescentando que “não foi feita nenhuma prova, nem material nem testemunhal, da prática de qualquer crime” e que a justiça fez considerações, não de Direito, mas de “opinião política”.
“O tribunal parece também considerar que basta a existência de laços profissionais e de proximidade nas simpatias políticas para tornar crime um ato administrativo. Mesmo quando esses laços não existem e essa proximidade só muito indiretamente é alegável”, escreveu.
Inês Pedrosa, ex-mandatária e porta-voz da candidatura de Manuel Alegre às presidenciais de 2006, também manifestou a sua indignação. “Oxalá consiga”, comentou, a propósito da declaração da ex-ministra da Educação de que irá “recorrer e continuar a trabalhar no sentido de melhorar o próprio sistema de justiça”, partilhando o “sentimento de injustiça” de Maria de Lurdes Rodrigues.
“Tornou-se perigoso agir com competência, determinação e em prol do bem público em Portugal. Muito perigoso”, escreveu no Twitter.