Vanderley Dias Marinho. Já ouviu falar? Tem 1.83m, 81kg e toca a bola com o pé direito. Gosta de escondê-la dos adversários. Tem ginga, drible, ousadia e arrisca ir para cima. Ao serviço do Marítimo, na época passada, marcou 16 golos em 2672 minutos. Falamos de um tal de Derley, pois claro. O Benfica voltou a sofrer de sonolência, pelo menos até aos 75 minutos, e o avançado brasileiro, natural de São Luís, fez um golo e participou noutro na vitória caseira contra o Arouca por 4-0.

BENFICA: Artur; Maxi, Luisão, Lisandro, Eliseu; Salvio, Samaris, Talisca, Gaitán; Derley e Lima

AROUCA: Goicoechea; Iván Balliu, Miguel Oliveira, Diego e Nelsinho; Bruno Amaro e David Simão; Pintassilgo, Artur e Nildo; Claro

A dormência de Leverkusen manteve-se. Ritmo baixo, lentidão, pouca movimentação e pressa para trocar a bola nem vê-la. Foi assim o Benfica da primeira parte. O onze de Jorge Jesus piscava o olho ao 4-4-2, por isso contava com um domínio absoluto — Talisca jogou no meio-campo ao lado de Samaris e Derley fez dupla com Lima. Mas não foi isso que se viu no Estádio da Luz. O Arouca de Pedro Emanuel não se encolheu, não levou um autocarro de dois andares à capital: pressionou muita vez no meio-campo do inimigo e subiu a defesa, encurtando a equipa. Resultado? Problemas para o meio-campo dos encarnados.

Apesar de estarem em campo Gaitán, Salvio e Lima, quem deu nas vistas na primeira parte foi mesmo Artur. O brasileiro parou as investidas de Artur, Iván e Pintassilgo. O primeiro lance do Arouca, concluído por Artur, resultou de uma asneira de Lisandro, que perdeu a bola muito perto da área para o número 10 dos rivais. O central argentino estava nervoso, notava-se a léguas.

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Na equipa da casa, Talisca era o homem com os olhos na baliza. Tentou duas vezes de longe, uma delas depois de uma combinação vistosa entre Lima e Derley, mas Goicoechea disse “não, senhor” nas duas vezes. O Arouca lá ia saindo em contra-ataque, normalmente pelas alas. Maxi e Eliseu não estavam a tapar bem o corredor. Samaris continua em baixo, parece esconder-se muita vez. Talisca estava a atuar muito longe da baliza adversária. Faltavam ideias e o andamento de Enzo.

Se a promessa de uma noite mal passada já pairava na mente de muitos benfiquistas, a entrada de Jonas, por lesão de Lima, já muito perto do intervalo, foi como um bombom. O ex-avançado do Valencia tocou duas vezes na bola: receção incrível e passou a bola por cima de um defesa; e depois fez uma diagonal e tocou para dentro, onde estava Salvio já a entrar na área. A exibição desiludia mas a entrada do brasileiro deixou água na boca e serenou a preocupação. Enzo deixava muitas, muitas saudades…

O intervalo chegou e os números estavam do lado do Benfica: 60% de posse de bola e 13 remates contra oito. Mas nem por isso foi mais perigoso do que a equipa visitante, que o ano passado, na única vez que se deslocou à Luz, já havia conquistado um empate: 2-2 (Lima, Rodrigo; David Simão, Serginho). Os guarda-redes foram os melhores neste primeiro tempo.

Esperava-se outra atitude das águias na segunda parte. Mas o puxão de orelhas, se existiu, não teve efeito. A baixa intensidade não descolou das botas de Salvio, Talisca e companhia. Gaitán, limitado fisicamente, não subiu ao relvado — entrou Ola John. Mas nem tudo foi mau: Derley cresceu e Samaris mostrou-se, assumindo muito mais vezes a bola. Ainda parece lento, mas provou que pode ser o patrão do meio-campo.

A toada manteve-se. A ansiedade invadiu as veias dos mais de 40 mil adeptos que estavam na Luz, a pedir mais uma vitória, a sexta em sete jogos. Aos 68′, cheirou finalmente a golo. Lançamento longo de Salvio que tinha como destino a cabeça de Lisandro: acabou no poste. Na recarga, Jonas permitiu uma grande defesa a Goicoechea. Bastaram sete minutos para os encarnados abrirem o caminho para a baliza rival. Talisca, que tanto ameaçou, fez o primeiro da noite: arrancou, tabelou com Derley e colocou com classe com o pé direito, 1-0.

A partir daí foi um “ai Jesus” para a defesa do Arouca. Impotente, a dar espaços como nunca, o Benfica passou a fazer o que queria. Salvio, que cresceu e muito nesta segunda parte, foi à linha e cruzou para Derley encostar para a baliza deserta, 2-0. Três minutos depois, mais um golo: Ola John surgiu no lado esquerdo e cruzou para a cabeça de Salvio, que foi certeira, 3-0.

Ficamos por aqui? Não. O senhor que entrou antes do intervalo para deixar água na boca dos benfiquistas queria festejar um golo na estreia de água ao peito. Ola John voltou a surgir na linha e sacou uma cruzamento com muita pinta; Jonas, sentado à mesa com a glória, esperava pacientemente na pequena área: golo, 4-0.

O jogo acabaria pouco depois. Foram 15 minutos à campeão, mas que penalizam um Arouca muito competente durante 75′. O Benfica voltou a mostrar-se sem ritmo e desligado. Nota de destaque para Talisca, que voltou a marcar e é o melhor marcador do campeonato; para Ola John, que fez duas assistências, e para as estreias a marcar de Jonas e Derley. O segundo foi, porventura, o melhor em campo, não só pelo golo e assistência, mas porque soube guardar e esconder a bola muitas vezes (e sabe tabelar). Tem pinta este brasileiro.