O iraniano de 49 anos, Man Haron Monis, que sequestrou vários reféns foi morto durante o tiroteio que pôs fim à situação. As outras duas vítimas mortais são dois reféns de um total de 17 estimado pela polícia local, noticiou The Guardian. Pelos menos quatro pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital.

O que terá motivado este sequestro ainda é desconhecido, mas o sequestrador já era conhecido pelas manifestações contra a participação da Austrália na guerra do Iraque, dizendo que é um problema dos Estados Unidos, não australiano. No entanto, o comissário da polícia de New South Wales, Andrew Scipione, refere que não haverá lugar a especulações sobre o que terá acontecido dentro do café. O agente indica ainda que a investigação vai começar de imediato.

O sequestro terminou depois da entrada da polícia no café. Imagens da televisão britânica BBC mostram um tiroteio ainda durante alguns segundos e as forças policiais e atirar granadas para dentro do café. No confronto o sequestrador, residente na Austrália devido ao estatuto de asilo político que lhe foi concedido pelas autoridades, ficou ferido e acabou por morrer.

Segundo o seu ex-advogado, citado pela televisão britânica BBC, Man Haron Monis é uma pessoa isolada e estará a agir sozinho, sem o apoio de qualquer tipo de organização terrorista. O iraniano é conhecido por se proclamar xeque, líder espiritual e dizer que pratica magia negra.

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Na lista de ofensas que o colocaram a braços com a justiça estão, entre outros, o envio de cartas a ofender os familiares de falecidos soldados australianos. Em 2002 foi acusado de agredir sexualmente uma mulher e em 2013 terá esfaqueado a ex-mulher com ajuda da mulher atual. Já em outubro, o homem foi acusado de 40 crimes de agressão sexual e indecência, incluindo 22 crimes de agressão sexual agravada.

O homem estava armado quando entrou esta segunda-feira no Lindt Chocolat Cafe, em Martin Place, Sydney. O sequestrador terá obrigado um dos reféns a exibir uma bandeira islâmica negra pela janela do espaço, onde algumas testemunhas afirmaram ter visto um texto em árabe em que se lê ‘Não existe outro Deus senão Alá, e Maomé é o seu profeta’, segundo a cadeia televisiva ABC.

Durante o sequestro, as imagens transmitidas pelas televisões presentes no local, permitiram perceber que pelo menos cinco dos reféns tinham conseguiram escapar, deixando as instalações por uma porta lateral que estava a ser vigiada por um contingente policial fortemente armado.

No vídeo pode ver-se o desespero e o alívio dos cinco reféns que conseguiram escapar, depois de horas em que foram mantidos reféns no Lindt Chocolat Cafe.

Além da zona financeira de Martin Place, também foi evacuada a Sydney Opera House, um ícone da cidade, com um porta-voz da polícia de Nova Gales do Sul a referir-se a um “incidente” e a confirmar uma “intervenção, tendo o tráfego na área sido desviado.

O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, por sua vez, também se pronunciou sobre este incidente “muito preocupante”. Abbott apelava à calma e garantiava que a polícia estava pronta para “responder de forma profissional”. “Este é, obviamente, um incidente muito preocupante”, afirmou Tony Abbot, em comunicado, indicando que as autoridades “estão bem treinadas e equipadas” e a “responder de forma profissional”, o qual convocou uma reunião da Comissão de Segurança Nacional.

 

Líderes islâmicos condenam “ato criminoso”

O grão-mufti da Austrália, Ibrahim Abu Mohamed, e o Conselho Nacional Australiano dos imãs já emitiram um comunicado onde condenam “o ato criminoso” perpetrado por um, alegado, radical islâmico.

Ibrahim Abu Mohamed aproveitou, também, para expressar “total apoio e solidariedade para com as vítimas e famílias” e desejou que “esta calamidade” seja resolvida de forma “pacífica”.

A Austrália elevou, em setembro último, o nível de alerta terrorista de “médio” para “alto” pela primeira vez em dez anos.

A participação de tropas australianas em missões contra os ‘jihadistas’ no norte do Iraque e na Síria e os receios relativamente ao regresso de extremistas nascidos na Austrália ou com passaporte do país que combatem nas fileiras do Estado Islâmico (EI) foram duas das razões invocadas.

Segundo as estimativas de Camberra, participam em combates na Síria e no Iraque mais de 160 australianos, dos quais pelo menos 20 conseguiram regressar ao país, cuja legislação prevê penas de até 20 anos de cadeia para os cidadãos que se envolvem em conflitos armados no estrangeiro.

As autoridades australianas têm levado a cabo inúmeros ‘raides’ policiais, de grande aparato e dimensão, nas principais cidades no quadro da luta contra presumíveis terroristas.