Mário Soares vai continuar a escrever para ir deixando memórias e diz que já não vai mais meter-se na política ativa. Mas enquanto diz isto, entra na atualidade com força. Para o ex-Presidente da República é tempo de acabar com as “asneiras” do Governo e, sobretudo, de acabar com a “infâmia” que é ter “um ex-primeiro-ministro preso sem ser julgado”.
Na apresentação do livro de entrevistas de Mário Mesquita, “Mário Soares na construção da democracia”, o antigo chefe de Estado volta a acusar a justiça, mas sobretudo o juiz Carlos Alexandre que ordenou a prisão preventiva: “Porque é que está preso? Porque é que há um juiz que é capaz de dizer que ele merece estar preso, sem nunca ter sido julgado?”.
Na apresentação do livro, Soares voltou a considerar a prisão de Sócrates “uma infâmia, esta situação em que está preso um ex-primeiro-ministro sem nunca ter sido julgado. É coisa que não é aceitável”. É como não é aceitável, Soares, que diz que se vai afastar da vida política ativa deixa um recado: “Por isto ainda me vou bater”.
Com António Costa na última fila a ouvi-lo, Soares, falando da altura em que deu as entrevistas, disse que “estamos numa altura em que a democracia em Portugal não existe”.
“O meu dever é escrever e não entrar mais na luta política”, disse, mas logo depois, entrava: “Aquilo que se passa hoje tem de acabar. Não podemos tolerar que este Governo continue como está. Só faz asneiras. Asneiras políticas e asneiras económicas”.