A NATO vai criar seis “centros de comando” na Europa de leste e uma nova força de reação rápida de cinco mil homens em resposta à “agressão” da Rússia na Ucrânia, anunciou o secretário-geral aliado Jens Stoltenberg.
França, Alemanha, Itália, Espanha, Polónia e Reino Unido concordaram assumir a responsabilidade da organização desta nova força de mobilização rápida, que deverá ser deslocada no prazo de uma semana para responder a situações de crise, precisou Stoltenberg em conferência de imprensa no final de uma reunião dos ministros da Defesa da Aliança Atlântica.
“Decidimos o estabelecimento imediato dos primeiros seis comandos multinacionais e unidades de controlo na Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia”, disse. “Caso surja uma crise, vamos assegurar que as forças nacionais e da NATO em todos os países da Aliança terão capacidade para atuar como um todo desde o início”, adiantou o chefe aliado.
Esta força “deve ter a capacidade para responder em apenas alguns dias a qualquer crise emergente”, sublinhou Stoltenberg, numa referência à força de elite de cinco mil homens, definida como “lança de ferro” e integrada na nova estrutura com um total de 30 mil militares.
Os comandos também deverão assegurar uma capacidade de deslocação mais eficaz, apoiar o planeamento de defesa coletiva e ajudar a coordenar “jogos de guerra”. A rede de bases irá na prática coordenar o envio desta força na eventualidade de uma crise. Esta força também estará destinada a contrariar uma eventual ameaça de militantes islamitas no Iraque, Síria e norte de África.
A reunião destinou-se a concretizar este novo empenho aliado, quando a situação na Ucrânia é agora considerada ainda mais preocupante. “É uma resposta às ações agressivas da Rússia, que violou a lei internacional e anexou a Crimeia”, reafirmou Stoltenberg durante a reunião.
O governo britânico foi o primeiro a responder ao novo esforço aliado e anunciou que vai disponibilizar 1.000 soldados para a nova força de reação rápida, nos Estados bálticos, e que a vai liderar em 2017. Em comunicado, o ministro da Defesa, Michael Fallon, que participou na reunião de Bruxelas, também confirmou o envio de quatro aviões Typhoon para a vigilância aérea da Estónia, Letónia e Lituânia em 2015, as três ex-repúblicas soviéticas do Báltico. “A credibilidade da NATO face aos desafios de segurança que enfrentamos depende de que todo o mundo desempenhe o seu papel em implementar as decisões tomadas [na reunião de setembro passado] em Gales”, declarou.
Enquanto Kiev reclama armamento suplementar, uma opção que está a ser analisada por Washington, o secretário-geral da NATO e ex-primeiro-ministro norueguês também aproveitou o encontro dos ministros da Defesa da Aliança para sublinhar que “caberá a cada Estado decidir” sobre o pedido de Kiev.
O secretário norte-americano da Defesa Chuck Hagel, que participou pela última vez numa reunião dos aliados, reconheceu que a administração norte-americana estava a analisar essa opção. “Penso que a assistência que prestamos, quer os Estados Unidos quer os parceiros da NATO, deve ser constantemente avaliada. Estamos em vias de avaliar a assistência à Ucrânia”, acrescentou nas suas declarações. No entanto, também moderou as suas observações ao insistir que a crise na Ucrânia “não será resolvida por meios militares”.
Stoltenberg sublinhou que, no imediato, a NATO decidiu proceder ao “mais importante reforço” da sua defesa coletiva “desde o fim da Guerra fria”. Na cimeira de setembro, os chefes de Estado e de governo da Aliança tinham já decidido aumentar os seus meios de defesa após a anexação da Crimeia pela Rússia, e o envolvimento de Moscovo no leste da Ucrânia designadamente através do apoio logístico e militar aos separatistas pró-russos.