O secretário de Estado dos Transportes espera anunciar em final de junho o vencedor do processo de privatização da TAP, o qual, segundo Sérgio Monteiro, terá de capitalizar a transportadora aérea nacional em 300 milhões de euros. “Aquilo que nós temos como objetivo é a escolha do investidor até, no limite, ao final do primeiro semestre, ou seja, o final de junho de 2015”, disse Sérgio Monteiro nesta quarta-feira aos jornalistas, após um debate no parlamento, da iniciativa do Bloco de Esquerda sobre a destruição da oferta pública de transportes.

O governante, que anunciou 15 de maio como a data limite para a entrega de propostas vinculativas dos interessados na TAP, garantiu que até à privatização o Estado “não vai injetar” dinheiro público na companhia aérea, sublinhando que o investidor vencedor tem de, pelo menos, capitalizar a TAP em 300 milhões de euros durante os próximos anos. Contudo, esclareceu que esse valor mínimo de capitalização pode materializar-se na entrega de aviões novos.

“Por exemplo, uma determinada entidade quer fazer a sua capitalização entregando aviões novos. Em vez de dinheiro para comprar os aviões, entrega os aviões novos para que a TAP comece imediatamente a operar. Aquilo que esperamos é que haja um reforço de capitais na companhia, em pelo menos de 300 milhões de euros, ao longo dos próximos anos, que não pode ser feito pelo Estado e que tem se ser feito por privados”, frisou Sérgio Monteiro.

Questionado sobre o perfil dos candidatos, o secretário de Estado dos Transportes referiu que os que podem vir a ganhar a corrida à privatização da transportadora aérea nacional são aqueles que assegurarem o melhor futuro para a TAP, financeira e estrategicamente.

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“Custa-nos imaginar que um candidato puramente financeiro possa ser vencedor, em comparação com um candidato que possa alargar rotas, a cobertura da própria TAP e que lhe dê uma dimensão estratégica além da dimensão financeira. Mas pode ser que aconteça”, afirmou Sérgio Monteiro, não fechando portas a nenhum potencial comprador. “Não descriminamos natureza de investidores, mas estamos em crer que um investidor estratégico, que tenha hoje uma operação complementar à operação da TAP, é aquele que terá mais possibilidade de ganhar a privatização”, vincou.

Durante o debate no parlamento, toda a oposição voltou a acusar o Governo e Sérgio Monteiro de terem uma “vontade ideológica e uma obsessão” pela privatização/concessão dos transportes públicos, acusando-os de estarem a “destruir” os serviços públicos.

Por seu lado, o secretário de Estado reafirmou não tratar-se de um princípio ideológico, mas antes de um caminho para a “sustentabilidade e a qualidade” do setor dos transportes, o qual, no seu entender, mais importante do que saber quem é o prestador do serviço, é se o mesmo é realizado com qualidade e ao serviço dos utentes.