Se desconfia que alguém pode ser um terrorista, a Transportation Security Administration ajuda-o a perceber se as suas suspeitas têm razão de ser. Segundo um documento oficial que foi conseguido pelo The Intercept, a TSA enviou informações aos seus escritórios que facilitam a identificação de um suspeito em locais como aeroportos.

Os sinais são comportamentais, na medida em que tentam identificar no corpo humano respostas físicas a situações de stress. E foram criados no âmbito do controverso programa SPOT – Screening of Passengers by Observation Techniques. O programa empregou profissionais especializados, conhecidos como diretores de deteção de comportamentos. Trabalham por contacto direto com os suspeitos.

O documento intitulado “Spot Referral Report” não está marcado como ficheiro secreto pelo governo norte-americano, mas foi muito protegido pela TSA. Eis os pontos principais que podem levantar suspeitas:

– Bocejar exageradamente.

– Reclamar excessivamente nos momentos de revista policial.

– Tossir suavemente demasiadas vezes.

– Abrir os olhos em exagero.

– Vestir roupa inapropriada para o destino da viagem.

– Evitar contacto visual direto.

– Repetir gestos.

– Apresentar o rosto pálido na zona da barba.

– Mexer exageradamente as mãos.

O porta-voz da TSA recusou-se a prestar declarações. Mas afirmou que “a deteção comportamental, que é apenas um dos critérios da Transportation Security Administration para mitigar ameaças contra o público, é vital para dissuadir, detetar e interromper indivíduos que possam constituir perigo para a aviação”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A prática foi muito criticada desde 2007 por não se basear em argumentos científicos, o que foi sublinhado há dois anos quando se descobriu que certos comportamentos físicos podem ou não ser controlados. Portanto “a habilidade humana para identificar estas atitudes com base no comportamento é igual ou ligeiramente maior que a sorte”, explicou em 2013 o governo dos EUA. Apesar das dúvidas sobre a eficiência do programa, a TSA continuou a formar trabalhadores e investiu 900 milhões de dólares neles.

Os aspetos analisados pela TSA vão mais longe: segundo as suas referências, uma mulher com mais de 55 anos pode representar uma ameaça, mas a idade das suspeitas para os homens é 65 anos. Apesar dos vários processos em que é acusada de fazer julgamentos preconceituosos, a TSA esclarece que nunca um indivíduo foi abordado por apresentar um dos sinais de referência, mas sim um conjunto de fatores suspeitos.

Um dos trabalhadores do plano SPOT aceitou dar informações e revelou que “o programa foi feito de modo a que qualquer passageiro possa virtualmente exibir quaisquer sinais suspeitos”. O membro da SPOT descreve o processo como “ridículo”.