O presidente da Alemanha manifestou-se favorável ao pedido da Grécia para ser indemnizada pela ocupação Nazi durante a Segunda Guerra Mundial, de acordo com o Star Online, citado pela Bloomberg. Joachim Gauck, que tem poderes limitados no sistema constitucional germânico, mas que é conhecido pelas suas posições desalinhadas, contraria a recusa já manifestada por Berlim em ceder às pretensões de Atenas, protagonizadas pelo Governo de extrema esquerda liderado por Alexis Tsipras.
As declarações de Gauck foram feitas ao jornal Sueddeutsche Zeitung, durante uma entrevista que será publicada na edição deste sábado. Na entrevista, o presidente alemão considera que o Governo de Angela Merkel deveria ter em conta as responsabilidades históricas do país perante a Grécia. “Não somos apenas um povo que vive nos dias de hoje, somos também os descendentes daqueles que deixaram para trás um trilho de destruição na Europa” durante o segundo grande conflito mundial, entre 1939 e 1945, “na Grécia, entre outros locais”, disse Joachim Gauck. “A coisa certa a fazer”, acrescentou, “para um país consciente da sua história é a de considerar que possibilidades haverá para pagar reparações” de guerra.
O governo grego pede 278,7 mil milhões de euros em indemnizações pela ocupação Nazi e no país há quem culpe a Alemanha, o maior credor da Grécia, pelas medidas duras de austeridade que foram impostas em troca dos dois resgates de que o país foi alvo, através de empréstimos cedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Bruxelas, no valor total de 240 mil milhões de euros. O Star Online recorda que, em março, o ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, qualificou as pretensões da Grécia como “estúpidas”, afirmando que Atenas apenas queria “espremer” algum dinheiro dos seus parceiros da zona euro, enquanto tenta arranjar condições para prolongar a ajuda financeira que permitirá ao país evitar a bancarrota.
Uma solução, afirmou ainda Gabriel, “nada tem a ver com reparações relacionadas com a Segunda Guerra Mundial”. Fontes de Berlim têm argumentado que a Alemanha já honrou as suas obrigações, nomeadamente através do pagamento de 115 milhões de marcos em 1960. O Star Online recorda que Joachim Gauck condenou, recentemente, o massacre de 1,5 milhões de arménios entre 1915 e 1917 pelo Império Otomano como um ato de “genocídio”, expressão que as autoridades alemãs têm evitado usar para evitar as suscetibilidades da Turquia sobre a matéria.