O ex-autarca, Isaltino Morais, que esteve preso durante 14 meses, condenado pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, afirmou, esta quinta-feira, em entrevista à TVI, que toda a gente o “respeitava muito” na prisão e que sente “gratidão pela generalidade dos reclusos”. Aliás, chegou mesmo a fazer amizades por lá, embora tenha noção que é difícil, naquele “microcosmos”, saber quem fala verdade ou mentira.

“O melhor que este país tem hoje são os presos. Talvez tenha tido sorte porque fui muito bem recebido na prisão da Carregueira. Nunca fui hostilizado. Toda a gente me respeitava muito e se me faltava alguma coisa todos me queriam ajudar. Tenho uma gratidão pela generalidade dos reclusos da Carregueira, sobretudo pelos do quarto piso. Proporcionavam-me tudo o que precisava”, relatou .

Relativamente aos “reclusos VIP” da Carregueira, uma palavra especial para Vale e Azevedo, que “estava muito barrigudo”. “Eu fazia marchas militares no pátio e ele fazia um esforço para me acompanhar. Portanto conversava muito com ele”, contou Isaltino Morais, que também “conversava muito” com Manuel Abrantes e Ferreira Dinis pois estavam em celas próximas.

Mas foi no “outro universo de reclusos” que acabou por fazer “amigos”, atestou. O ex-autarca disse, contudo, ter noção que “é muito difícil na prisão saber se as pessoas estão a falar verdade ou mentira porque elas criam as suas próprias ficções”.

Isaltino Morais não deixou de repetir que viveu “talvez o maior massacre deste país” e que foi “condenado por convicção” sem prova nenhuma. “Aquilo que está na mente das pessoas é que roubei” e “a verdade é que tal mentira repetida tantas vezes meteu na cabeça das pessoas que o Isaltino é corrupto”, acrescentou o ex-autarca.

Quanto ao regresso à política está, para já, posto de parte. “Não me passa pela cabeça, neste momento, voltar à política”, reiterou Isaltino Morais, remantando que o que precisa agora é “de trabalhar”, deixando ainda uma crítica à baixa remuneração dos políticos.

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