Jerónimo de Sousa prometeu este sábado na Associação Franco-Portuguesa de Puteaux em Paris que vai integrar as propostas “de valor” do movimento associativo português em França no programa eleitoral do Partido Comunista Português (PCP). No final de um encontro com responsáveis do movimento, o líder comunista proferiu um breve discurso, no qual considerou que as associações de emigrantes se “têm vindo a substituir àquilo que era devido ao Estado português” e prometeu ouvi-las.
“Assumiremos a responsabilidade de que as contribuições, que consideramos de valor, vão integrar o nosso programa eleitoral. Esta palavra de honra aqui dada é uma garantia que quero dar em nome do Partido Comunista Português”, declarou o secretário-geral do PCP.
Questionado pela Lusa sobre que propostas poderão integrar o programa eleitoral do PCP, Jerónimo de Sousa falou na “valorização do movimento associativo” e em apoios à língua portuguesa e à rede consular, apontando que “em França, quase meia França ficou sem consulados”.
“Essa valorização do movimento associativo deve ser traduzida no concreto em apoios que se fundamentem e se justifiquem para a sua ação, particularmente em torno de uma questão central que é o ensino do português. Há um processo de desresponsabilização do ensino”, disse Jerónimo de Sousa, referindo que “a Constituição exige que o Estado desenvolva o ensino público de educação gratuito e não com este sentido discriminatório em relação aos filhos dos emigrantes”.
Durante o primeiro discurso da jornada, o secretário-geral do PCP falou, ainda, em “profunda hipocrisia” da parte do Presidente da República, Cavaco Silva.
“Considero profunda hipocrisia aquilo que o Presidente da República fez há duas semanas que foi dizer ‘Regressem a Portugal’. Foi o Governo que disse vão-se embora, vão para o estrangeiro, emigrem. O que é que o Presidente da República quer oferecer a esses jovens que está a convidar a regressar a Portugal? Quando nós conhecemos a realidade, uma situação dramática. Hoje em Portugal existem mais de dois milhões e quinhentos mil pobres ou em risco de pobreza”, declarou.
Jerónimo de Sousa acusou o Governo de se ter “descomprometido perante a comunidade[portuguesa]” e lembrou, também, o “novo surto de emigração, 400 mil em quatro anos”, indicando que “mesmo aqui em França, a emigração portuguesa foi superior à marroquina e argelina em termos de entrada recente, embora a grande percentagem tenha ido para Inglaterra e para o Reino Unido”.