A “Plataforma de Esquerda“, a ala vista como mais radical do Syriza e que suporta um terço do partido, está a provocar uma rebelião dentro do governo, tentando pressionar Alexis Tsipras a não aceitar a “submissão total e a humilhação exemplar” que, aos olhos destes responsáveis, os credores querem impor à Grécia. Esta ala do Syriza foi derrotada na reunião do Comité Central do partido de 24 de maio, mas por poucos votos, o que está a fazer aumentar os riscos de queda do governo.

Na reunião de 24 de maio, a “Plataforma de Esquerda” conseguiu que 75 membros do Comité Central do Syriza votassem favoravelmente um texto que pedia “uma rutura das negociações com os credores e um incumprimento na dívida“. Contra este texto votaram 95 membros do Syriza (mais um voto em branco). Alexis Tsipras conseguiu, nessa noite, manter o governo intacto, mas a votação renhida (44% contra 56%) ilustra as dificuldades que o primeiro-ministro está a enfrentar dentro do partido, que se somam à pressão das “exigências absurdas” dos credores.

A revolta dentro do Syriza está a ser liderada por Stathis Kouvelakis, que lamenta que se tenha tornado “claro que as instituições não estão a procurar aquilo que alguns chamariam um compromisso honrável“, já que isso implicaria mais privatizações e um fardo maior sobre a população”. A esta ala do Syriza apenas interessaria um acordo que “colocasse um ponto final definitivo à austeridade, que passasse pela reestruturação da (maior parte da) dívida e uma provisão adequada de liquidez para revitalizar a economia”.

As exigências da “Plataforma de Esquerda” estão expostas neste artigo.

“O que os círculos do poder da União Europeia, do BCE e do FMI estão a procurar fazer há vários meses, sem escrúpulos, é estrangular a economia, drenar as reservas financeiras do país até ao último euro e empurrar um governo desprotegido até à submissão plena e a humilhação exemplar”, afirma a ala liderada por Stathis Kouvelakis.

Qualquer acordo que venha a ser atingido com os credores terá de passar o crivo deste Comité Central do Syriza, existindo aí o risco de que a votação bloqueie a ratificação, por Alexis Tsipras, desse acordo. Aí, alguns analistas dizem que o primeiro-ministro poderá procurar outros apoios para que o acordo possa passar no Parlamento. Caso contrário, pode dar-se a queda do governo.

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