A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) anunciou resultados líquidos positivos de 4,9 milhões de euros em 2014, um ano considerado particularmente difícil pelo provedor Pedro Santana Lopes, sobretudo nas áreas da ação social e da saúde.

O provedor da SCML apresentou, em conferência de imprensa, o Relatório de Gestão e Contas referente ao ano passado.

Pedro Santana Lopes destacou que os resultados de 4,9 milhões de euros ficaram “muito acima do que foi orçamentado para 2014” e que eram de -17,7 milhões de euros (negativos).

De acordo com o provedor, estes resultados acontecem no ano “mais difícil” em termos do “impacto que a crise teve nas famílias portuguesas” desde que tomou posse, em setembro de 2011.

Santana Lopes acrescentou que o anúncio recente de melhorias na economia portuguesa ainda não chegou à área social da Santa Casa, pelo que 2015 vai ser “um ano bastante intenso” em termos sociais.

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“Na área social ainda não se faz sentir. Normalmente chega mais tarde o benefício dessa recuperação. Agora, há que ter noção que algumas realidades vieram para ficar. Há uma que é o envelhecimento da população e há outra que é a redução da intervenção do Estado na área da saúde. A conjugação destes dois fatores leva a um obrigatório crescimento do papel das Misericórdias”, considerou.

De acordo com os resultados divulgados, as receitas correntes totais da SCML foram de 200,5 milhões de euros em 2014, tendo como principal contributo as receitas dos jogos sociais (que representam 77% da receita total).

Apesar do aumento recorde das vendas brutas de jogos, para 1.880,3 milhões de euros, as receitas correntes provenientes dos jogos caíram de 159,4 milhões de euros para os 157,1 milhões de euros, entre 2013 e 2014, mantendo uma tendência que vinha de 2012.

A ação social e a transferência de 22 equipamentos do Instituto da Segurança Social (ISS) para a SCML representam 58% do valor total da despesa corrente da Santa Casa, que se situa nos 116,3 milhões (115,3 milhões em 2013).

“Foi-me posta há pouco a questão se a Santa Casa estava no limite da sua capacidade. Não vou dizer essa frase, mas é difícil esticar mais a possibilidade de intervenção que temos na área social”, afirmou o provedor.

As despesas na área da saúde cresceram de 44,5 milhões de euros (em 2013) para 45,5 milhões de euros em 2014, representando 22,7% das despesas totais da SCML.

Devido ao aumento de pedidos de ajuda, aumentaram as despesas com “subsídios, bolsas e apoios financeiros”, para um total de 24,2 milhões de euros.

A Santa Casa verificou ainda um aumento de 3,9% nos gastos com pessoal de 2013 para 2014.

Segundo o provedor, a SCML está a trabalhar para diversificar as receitas, nomeadamente potenciando o seu património para o turismo.

“Já recebemos propostas de operadores turísticos nacionais e estrangeiros para este convento [São Pedro de Alcântara]. Dissemos que não. E quando falamos de contratos nesta área, não é tanto contratos com privados. Queremos nós fazer alguma exploração de algumas unidades e espaços que temos”, realçou.