A Nintendo é uma empresa única em muitos aspetos e a forma como cultivava a imagem do seu Presidente era um ponto de diferenciação, dos muitos que a distinguem das demais concorrentes. Iwata era, para a Nintendo, com todas as ressalvas que a comparação possa ter, o Steve Jobs da companhia: era o rosto, a voz, era a personificação da empresa. E assim como o entrepeneur norte-americano, também morreu cedo, vítima de cancro.

Apesar da dimensão colossal, a Nintendo tem enraizado o conceito (proveniente da sua criação em Kyoto no Séc. XIX) de empresa familiar. Os três presidentes que antecederam a Iwata, em mais de cem anos de existência, pertenciam todos à família Yamauchi. Iwata foi o primeiro a presidi-la sem pertencer à linhagem de Fusajiro Yamauchi, que fundou a Nintendo em 1889, para produzir cartas de jogar.

Satoru Iwata era um génio da programação que desde cedo trabalhou em estúdios ligados à Nintendo. Grande parte dos muitos casos de sucesso de videojogos da companhia têm o seu nome escrito, tais como Ballon Fight, EarthBound, Kirby e Pokémon.

Desde a E3 de 2014, à qual teve de faltar devido a problemas de saúde, que era pública a sua batalha contra o cancro e a visível degradação física vinha a provar o pior: o colangiocarcinoma que afetava as vias biliares estava a vencer a batalha. Até que no passado dia 11 de julho o cancro o derrotou, aos 55 anos de idade, deixando um imenso vazio no mercado que ele próprio ajudou a definir.

Ricardo Correia, Rubber Chicken

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