São portugueses. Saíram, quase todos, em tenra idade de Portugal, mas subiram, a pulso, na carreira, e fizeram-se grandes lá fora. Há futebolistas, banqueiros, neurocientistas ou pintores. Em comum, têm o reconhecimento dos seus pares e do mundo. São emigrantes de sucesso. António Simões, o novo presidente do banco HSBC, é um, o mais recente, entre muitos — e muitos não figuram, por ora, mas figurarão, no futuro, nesta lista. Não surgem em top, por ordem de mérito ou de valor, mas, aleatoriamente dispostos, categoria por categoria, área por área, porque são, indiferenciadamente e todos eles, de topo.
ARTES
Pedro Gadanho, curador de Arquitetura Contemporânea no MoMA
Pedro Gadanho é, ainda, o curador de Arquitectura Contemporânea no Museu de Arte Moderna, o MoMA de Nova Iorque, um dos mais importantes e mais visitados museus de todo o mundo. Em outubro, porém, assumirá funções, três anos depois de se ter mudado para os Estados Unidos, na direção do novo museu da Fundação EDP, que deverá abrir entre junho e setembro do próximo ano. Gadanho, nascido na Covilhã, tem 46 anos, e é doutorado em arquitetura e mass media pela Universidade do Porto, onde lecionou na Faculdade de Arquitectura. Foi curador de várias exposições de arquitetura na Europa, sendo o responsável pela representação portuguesa na Bienal de Veneza, em 2004.
Sara Sampaio, modelo da Victoria’s Secret
O rosto de Sara Sampaio está em toda a parte, nos cartazes publicitários, rua sim, rua sim, na TV, nas páginas das revistas, e é, desde 2015, Sara, um dos “anjos” da Victoria’s Secret, para quem desfilou, pela primeira vez, em 2013. Sara, hoje com 24 anos, é natural de Leça da Palmeira, cidade que deixou, ainda jovem, para ir viver, primeiro para Paris, e, depois, em 2012, para os Estados Unidos, em busca do sonho de ser modelo. Foi capa da Vogue, da Elle, da Marie Claire ou da Sports Illustrated, e já desfilou nas semanas de moda de Nova Iorque, Paris, Milão e Londres. Perdeu-se uma matemática, curso que abandonou cedo, mas ganhou-se uma supermodelo, com milhões de seguidores nas redes sociais, contratos publicitários a perder de cifra, e muitos suspiros — de homens e mulheres.
Paula Rêgo, pintora
Mulher, feminista, pintora, Paulo Rêgo sempre viveu intensamente, pintou intensamente, e é, hoje, em Portugal e no estrangeiro, uma pintora de renome. Nasceu em Lisboa, em 1935, mas cedo, na década de 1950, foi estudar para Slade School of Fine Art, em Londres, longe do Portugal, a cinza e negro, de Salazar. É em Londres que vive desde meados de 1970. O quadro “The Cadet and his Sister”, um acrílico sobre papel em tela, de 1988, foi arrematado por mais de 1,6 milhões de euros, um novo recorde da artista, em junho de 2015, num leilão da Sotheby’s. A 13 de Outubro de 2004, Paula Regô foi distinguida com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Felipe Oliveira Baptista, criador de moda e diretor artístico da Lacoste
Felipe Oliveira Baptista nasceu em 1975, nos Açores, mas vive desde há vários anos radiacado em França. Abandonou cedo o pais e o arquipélago natal para ir estudar design de moda na Kingston University, em Londres. Trabalhou por anos com marcas internacionais, como a Max Mara, Christophe Lemaire e a Cerruti, até que, em 2013, em França, se decidiu a ser criador de moda em nome próprio. Aos 34 anos, em 2010, foi nomeado para a direção artística da conceituada marca de roupa Lacoste.
ECONOMIA E POLÍTICA
Carlos Tavares, presidente do grupo PSA
Carlos Tavares, lisboeta de nascença, educado no Liceu Francês, emigrou para França com 17 anos, onde prosseguiu os estudos, formando-se em engenharia mecânica na École Centrale parisiense. Foi nesse ano que entrou para a Renault como engenheiro de testes. Em 2005 foi nomeado vice-presidente executivo da Nissan. Quatro anos depois, a pulso, tornou-se responsável pela Nissan América do Norte, onde pegou numa empresa com prejuízo, e, no espaço de um ano, pô-la a lucrar quase 2.200 milhões de dólares. Haveria de regressar à Renault para ser vice-presidente. Em 2013 deixou a construtora francesa, trocando-a pela “rival” PSA, a detentora da Peugeot e da Citroën, em 2014, onde é CEO.
António Simões, presidente do HSBC Bank
É licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa. Em 2009, o World Economic Forum considerou-o “Young Global Leader”. Começou a trabalhar na banca em Londres, na Goldman Sachs. Seguiu-se a Mckinsey & Company, durante mais de uma década. Em Setembro de 2007, integrou a HSBC como Head of Strategy. Em 2012 foi nomeado Head of Retail Banking and Wealth Management a nível europeu. Hoje, 4 de agosto de 2015, é líder executivo do banco. Contamos-lhe a história aqui.
António Horta Osório, presidente do Lloyds Bank
Licenciado em Gestão e Administração de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa, foi no último ano de curso, em 1987, que ingressou no Citibank em Portugal. Em 1991 foi recrutado pela Goldman Sachs, trabalhando em Nova Iorque e em Londres. Não se demorou. Em 1993, a convite de Emilio Botín, integra o Grupo Santander, onde “criou”, a partir do zero, o Banco Santander de Negócios Portugal, tornando-se o seu presidente-executivo. Em Novembro de 2010 foi nomeado presidente do Lloyds, cargo que exerce desde Março de 2011. António Horta Osório é, de acordo com o Financial Times, o nono banqueiro mais bem pago do mundo, com uma remuneração anual de 12,9 milhões de dólares.
Victor Borges, diretor-geral de Sedas da Hèrmes
Victor Borges, hoje com 44 anos, estudou, até 1992, Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras de Lisboa. Começou por ser delgado de informação medica de Prozac. Em 1997, integra a empresa francesa BIC como director da filial portuguesa. Chegou a gerir as filiais italiana e grega da marca, até que, em 2003, foi nomeado director-geral a nível europeu. Em 2004, muda-se para o setor têxtil, assumindo o cargo de director criativo e de marketing da Mantero, em Itália, onde trabalhou com marcas do luxo como a Chanel, a Armani ou a Prada. Em 2007 aceita o convite da Louis Vuitton para ser diretor da loja dos Campos Elísios, em Paris. Seguiu-se a Hermès, onde é diretor-geral, responsável pelo setor da seda e do têxtil. É natural de Tomar, mas vive e trabalha em Paris.
António Guterres, Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
Aderiu ao Partido Socialista em 1973. Começou por ser chefe de gabinete do Secretário de Estado da Indústria dos I, II e III Governos Provisórios. Em 1976 chega a deputado. Eleito secretário-geral do PS em 1992, venceu as eleições legislativas de 1995 e de 1999. Demitiu-se em 2001, após as eleições autárquicas de dezembro. Desde 2005 que António Guterres exerce o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu
Vítor Constâncio é um economista que se fez político, mas que voltou sempre à finança. Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, foi secretário-geral do Partido Socialista, de 1986 a 1989, e candidato derrotado a primeiro-ministro, em 1987. Na política, foi secretário de Estado do Planeamento, nos I e II Governos Provisórios, entre 1974 e 1975, e do Orçamento e do Plano, no VI Governo Provisório, em 1976. Em 1978 foi ministro das Finanças e do Plano, no II Governo Constitucional. Chegou ao Banco de Portugal em 1975, como diretor do Departamento de Estatística e de Estudos Económicos, mas chegaria mais longe, a Governador, de 2000 a 2010. É vice-presidente do Banco Central Europeu, responsável pela supervisão bancária, desde que saiu do Banco de Portugal.
CIÊNCIA
António Damásio, professor de Neurociência na University of Southern California
Portugal tem cientistas e investigadores nos melhores laboratórios, universidade e fundações de todo o mundo. Mas António Damásio continua a ser, aos 71 anos, um nome de referência para todos. Nasceu em Lisboa, cidade onde se doutoraria em medicina, mas vive desde há várias décadas nos Estados Unidos, onde é professor de Neurociência na University of Southern California. Entre os anos de 1996 e 2005, António Damásio trabalhou no hospital da University of Iowa. A 9 de junho de 1995 foi nomeado Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Autor e investigador na área da neurociência, recebeu, entre tantos prémios, o Prémio Pessoa e o Prémio Príncipe das Astúrias de Investigação Científica e Técnica.
DESPORTO
Cristiano Ronaldo, futebolista do Real Madrid
Cristiano Ronaldo dispensa apresentações, dentro e fora dos relvados. É, hoje, a par de Messi, o futebolista mais mediático da atualidade, são dois extraterrestres com a bola nos pés, mas deixa o argentino a léguas quando o assunto são cifrões: “CR7” é o terceiro desportista mais bem pago do mundo, só atrás dos pugilistas Floyd Mayweather, o primeiro da lista, e Manny Pacquiao. A revista Forbes fez as contas à fortuna de Ronaldo, e garante que, entre salário, investimentos, receitas com publicidade e direitos de imagem, Ronaldo faturou cerca de 70 milhões de euros no último ano. No relvado, Ronaldo não é mais o extremo virtuoso, tantas vezes inconsequente, perdido em fintas e mais fintas, que saiu de Alvalade rumo a Old Trafford; modificou-se, todo o seu corpo e o seu futebol se modificaram, e tornou-se num dos atacantes mais letais na hora de rematar à baliza. No Real Madrid, em seis temporadas, marcou 314 golos, e está a somente nove de Raúl González, o goleador que (ainda) figura no topo da história dos merengues.
José Mourinho, treinador do Chelsea
Foi o tradutor de Sir Bobby Robson em Alvalade, e, em seguida, quando Sousa Cintra “correu” com o inglês do banco do Sporting, nas Antas. Seguiu com Robson para a Catalunha, onde foi seu treinador-adjunto, manteve-se por lá com Louis van Gaal, e regressaria a Portugal para ser treinador principal no Benfica de João Vale e Azevedo. Saiu da Luz por vontade de Manuel Vilarinho, andou por Leiria, e, quando Pinto da Costa o foi recrutar à Cidade do Liz, fez-se mito no Dragão. Venceu tudo o que havia para vencer, em Portugal e na Europa. Seguiu-se o Chelsea dos rublos de Roman Abramovich, onde fez por merecer o epíteto de “Special One”, sempre controverso, sempre ganhador. E ganhou por todos os clubes por onde treinou, em Itália, no Inter, em Espanha, no Real Madrid, ou, de novo, regressado a Londres, no Chelsea. José Mourinho é, hoje, um dos melhores, mais titulados e mais reconhecidos treinadores.
João Sousa, tenista
João Sousa é, aos 26 anos, e com tanto ainda por vencer, o melhor tenista português de sempre. Chegou a jogar futebol, no Vitória, da sua Guimarães natal, mas resolveu trocar Portugal e os relvados pelo ténis, tendo “emigrado” para a Catalunha, onde se fez tenista na Federação Catalã de Ténis. Tinha 15 anos. É em Barcelona que ainda vive e treina hoje em dia. João Sousa é cada vez mais um tenista completo, alto e esguio — como os bons tenistas o são –, adapta-se a qualquer piso, aos rápidos, de relva ou de terra batida, com a sua velocidade e forte serviço de mão direita. Em 2012, conseguiu entrar no lote dos cem melhores tenistas do ranking ATP. Mas não se ficou por aí. Um ano depois, a 29 setembro de 2013, subiu ao 51º lugar, logo após ter vencido o torneio ATP de Kuala Lumpur. Foi o primeiro tenista português a vencer um título na alta roda do ténis mundial. Hoje é 42º do ranking, mas chegou a ser 38º, em março de 2014. Sousa tem cinco finais de torneios do ATP no currículo, venceu uma, na Malásia, perdeu quatro, todas na Europa, mas, certamente, outras se lhe seguirão.
Jorge Mendes, agente de futebol
Jorge Mendes chegou a ser futebolista, um extremo-esquerdo, mediano mas esforçado, que fez carreira pelas divisões amadoras, no Vianense, Caminha, Lanheses ou, por último, no Neves, onde pendurou as botas, aos 30 anos. Chegou a ter um clube de vídeo e foi proprietário de uma discoteca, em Caminha. Foi lá que conheceu Nuno Espírito Santo, hoje treinador do Valência, mas, em 1996, guarda-redes suplente do Vitória de Guimarães. Conseguiu transferi-lo, a Nuno, para o Deportivo da Corunha de Augusto César Lendoiro. Nesse ano fundou a Gestifute, tornou-se agente de futebolistas, e, hoje, em 2015, com 49 anos, tem “consigo” Cristiano Ronaldo, José Mourinho, James Rodríguez, Falcao ou Di Maria. Se há uma transferência de milhões, muitos milhões, Mendes está lá.