Rui Miguel Pires Salvador começou por ser empregado de mesa e motorista de autocarros, mas depressa descobriu uma outra vocação. Durante dois anos, o português enganou quase dois milhões de pessoas em 26 países diferentes, através de um esquema em pirâmide que lhe rendeu 1.079 milhões de euros.

De acordo com uma investigação do El País, o esquema terá tido início em 2013, altura em que Rui Salvador terá apresentado a LibertaGia, uma marca de serviços de marketing multimédia com um esquema em pirâmide, a um grupo de investidores estrangeiros no Parque das Nações, em Lisboa. O ex-empregado de mesa, com dotes de “apresentador evangélico”, terá conseguido convencer os investidores da solidez do projeto, com a ajuda de um “advogado”.

Na sessão de recrutamento — e em todas as outras que se seguiram –, o português explicou que era possível ganhar até 70 euros por dia com um negócio de publicidade na internet. Por cada ano, prometia um retorno financeiro de 350%. A partir daí, o esquema não parou de crescer. Ao longo de pouco mais de dois anos, Salvador conseguiu angariar 1,5 milhões de investidores, em 26 países diferentes. Só em Espanha, núcleo central do esquema, conseguiu enganar 250 mil pessoas.

Os problemas começaram a surgir em agosto de 2014, data em que os investidores começaram a deixar de receber os pagamentos que lhe eram devidos. Segundo documentos obtidos num tribunal de Granada, a que o El País teve acesso, a LibertaGia, ainda em funcionamento, está a acumular 134 milhões de euros de dívidas. O caso está atualmente a ser investigado pelas autoridades espanholas. Porém, ao El País, a Guarda Civil admitiu não ter ao seu dispor meios suficientes para investigar um esquema fraudulento desta dimensão.

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