A Força Aérea Portuguesa divulgou esta terça-feira imagens que mostram o resgate de um grupo de migrantes ao largo da Sicília, em Itália. Os 221 migrantes (39 crianças, 39 mulheres e 143 homens), que tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo numa embarcação de pesca, foram detetados no domingo pelo destacamento português e resgatados pelos meios italianos.

As forças portuguesas, a bordo de uma aeronave P-3C CUP, não participaram na operação de resgate. Como explicou ao Observador o Coronel Rui Roque, nunca cabe aos militares portugueses resgatar — ou seja, retirar da água — os migrantes detetados no Mediterrâneo. “Localizamos as pessoas e fazemos o acompanhamento. Os meios marítimos italianos é que retiram as pessoas do mar”, esclareceu o porta-voz da Força Aérea.

Apesar de dizerem respeito à operação de domingo, as imagens mostram o dia-a-dia dos militares destacados na Base Naval de Sigonella, na Sicília. “Isto acontece todos os dias”, salientou o Coronel Rui Roque. Neste caso específico, a Força Aérea identificou a embarcação e procedeu à ativação dos meios que estão previstos atuar nestas situações, mantendo-se no ar durante todo o processo de resgate, que durou mais de sete horas.

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As forças portuguesas da Esquadra 601 – “Lobos” encontram-se destacadas em Itália a propósito da operação Triton da Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-Membros da União Europeia (FRONTEX), que controla o fluxo de imigração irregular no Mediterrâneo. A missão, que teve início a 1 de julho, irá terminar no dia 31 de agosto, um mês depois do previsto devido a um pedido emitido pela FRONTEX.

A missão em que está integrada a frota portuguesa, e que incluiu também militares de outros países, tem como objetivo vigiar a área que vai do sul de Itália ao norte da Líbia, com especial foco nas ilhas de Malta e de Lampedusa, onde chegam todos os dias dezenas de migrantes oriundos do norte de África. “Esta missão não é diferente das que fizemos em outros países”, como Espanha ou Grécia, “onde também existe este flagelo, mas em número menor”, referiu o Coronel Rui Roque.

No fim de semana passado, foram retiradas das águas do Mediterrâneo mais de um milhar de pessoas que tentavam chegar à Europa, revelou no domingo a guarda costeira de Itália. Só no domingo, foram retiradas 671 pessoas, incluindo 48 crianças, que seguiam em embarcações lotadas.

De acordo com último balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), divulgado na semana passada, já chegaram à Europa 240 mil migrantes desde o início do ano — 98 mil na Itália e 124 mil na Grécia — e mais de 2.100 morreram durante a tentativa de travessia.

Notícia atualizada às 20h com esclarecimentos prestados pela Força Aérea Portuguesa.