“Não temos escassez dos produtos da cesta básica. O que nós estamos a fazer é a restringir os quantitativos de produtos que as pessoas estão a comprar”, admitiu na terça-feira a ministra, questionada pelos jornalistas.
Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para menos de metade nas receitas com a exportação de petróleo, que se reflete nos preços dos alimentos.
Grande parte dos alimentos de que Angola necessita são importados, processo dificultado atualmente pela falta de divisas, o que fez disparar os preços, com os distribuidores a limitar o número de unidades a vendar por cliente.
“Estamos numa situação de crise, as pessoas querem fazer aproveitamento de muitas situações, gerar inflação, mas não podemos deixar que o retalho, como o Kero, o Jumbo [hipermercados] e outros, venderam a grosso. Os grandes armazenistas não podem vender diretamente ao consumidor, têm que vender a quem tem alvará comercial, para que o produto vá à loja”, apontou.
Angola fechou 2015 com uma inflação oficial, a 12 meses, superior a 14 por cento, mas a população queixa-se que produtos como o arroz, que já escasseia no país, duplicaram de preço nos últimos meses.
Para travar a especulação de preços, a ministra Rosa Pacavira garantiu que os serviços de inspeção e a polícia económica vão para o terreno identificar os infratores.
O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) admitiu no final de janeiro que a instituição está a promover a “racionalização” de divisas aos bancos comerciais, mas assegurou que os recursos disponíveis para 2016 “são suficientes”, nomeadamente para garantir as importações.
José Pedro de Morais Júnior falava na sequência da aprovação, em Conselho de Ministros, da estratégia nacional para fazer face à contínua diminuição das receitas petrolíferas angolanas, que contempla precisamente, entre outros aspetos, a prioridade no acesso a divisas para os setores produtivos nacionais.
“Para 2016, temos os recursos em divisas suficientes para gerar as taxas de crescimentos que estão a ser apontadas ou que serão fixadas no quadro dos investimentos de programação do Governo”, disse o governador.
De acordo com o governador do BNA, a reservas internacionais líquidas de Angola cifravam-se em dezembro nos 24,1 mil milhões de dólares (21,5 mil milhões de euros), uma quebra de 11,53% face a 2014, mas ainda suficientes para garantir necessidades de seis meses de importações.