A economia mundial não vai crescer mais este ano do que em 2015. O crescimento deverá mesmo registar o ritmo mais lento dos últimos cinco anos, de acordo com as previsões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) que apontam agora para um crescimento de 3% da economia mundial em 2016 e de 3,3% no ano seguinte.

A OCDE reviu em baixa as previsões, com base na fraqueza do comércio e do investimento e numa procura deprimida que arrasta a inflação. A projeção pondera ainda um aumento inadequado nos níveis de emprego e dos salários.

As previsões atuais estão bem abaixo das médias de longo prazo e, segundo a OCDE, esta variação da riqueza mundial é inferior à que seria esperada numa fase de recuperação nas economias avançadas. Também o crescimento das economias emergentes está a perder força. A organização com sede em Paris está preocupada com esta evolução e pede respostas globais focadas em políticas orçamentais pró-crescimento.

Para a OCDE, confiar apenas em políticas monetárias (como as conduzidas pelo Banco Central Europeu) “demonstrou ser insuficiente para estimular a procura e produzir um crescimento satisfatório, sobretudo quando a política orçamental continua a ser contracionista em várias das economias importantes onde o movimento de reformas estruturais abrandou.”,

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A revisão em baixa das previsões de crescimento, face aos números avançados em novembro de 2015, é geral, mas tem maior impacto nos Estados Unidos, onde o produto deverá crescer 2%, na zona euro, com um crescimento previsto de 1,4%, bem como nas economia mais dependentes de matérias-primas como o Brasil e o Canadá.

Eis as estimativas de crescimento para as principais economias mundiais:

Países 2016 2017
Estados Unidos 2% 2,2%
Zona euro 1,4% 1,7%
Alemanha 1,3% 1,7%
França 1,2% 1,5%
Reino Unido 2,1% 2%
Brasil – 4%
China 6,5% 6,2%

A organização com sede em Paris avisa ainda que os riscos da instabilidade financeira são “substanciais”, como tem sido demonstrado pelas recentes quedas nos preços de ações e das obrigações. São ainda feitos alertas para a crescente vulnerabilidade das economias emergentes e para volatilidade dos fluxos de capital e dos seus efeitos nas dívidas domésticas elevadas.

“As perspetivas globais de crescimento estão praticamente estagnadas. Os números recentes desapontaram e os indicadores apontam para um crescimento mais lento nas principais economias, apesar dos incentivos dados pelo petróleo barato e pelas baixas taxas de juro”, afirma a economista-chefe da OCDE, Catherine L. Mann.

Dados os riscos significativos colocados pela volatilidade do setor financeiro e pelo mercado de dúvida dos países emergentes, há a “necessidade urgente” de uma abordagem global mais forte, focada numa maior utilização de políticas estruturais e orçamentais que incentivem a economia de forma a fortalecer o crescimento e diminuir os riscos financeiros.