“Em política não vale tudo”. Com o caso de Maria Luís Albuquerque a motivar duras críticas à ex-ministra das Finanças, sobretudo entre os partidos mais à esquerda, José Matos Correia, vice-presidente do PSD, fez questão de “repudiar” a “tentativa baixa e inaceitável de aproveitamento político”.

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, o social-democrata aproveitou para salientar a disponibilidade já assumida pela ex-ministra das Finanças para esclarecer os “termos em que esta contratação aconteceu, bem como enquadramento em que exercerá as suas funções” na subcomissão de ética do Parlamento. Até lá, insistiu Matos Correia, “temos de ser capazes de medir as nossas palavras e as nossas atitudes”.

Matos Correia sublinhou, ainda, o caráter “não-executivo” das novas funções que Maria Luís Albuquerque vai desempenhar na Arrow Global. “Esta contratação em nada belisca a lei portuguesa. Não há nenhuma incompatibilidade nem nenhum impedimento que pudesse obstar a aceitação deste convite”, reforçou o vice-presidente do PSD.

Desafiado, ainda assim, a comentar se esta contratação não levantaria dúvidas no plano ético, Matos Correia foi perentório. “O problema dos juízos éticos é que cada um faz os seus. E isso introduz uma lógica de subjetividade que é inaceitável”.

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Perante a insistência dos jornalistas, que aproveitaram para lembrar as críticas do PS à ex-ministra das Finanças, social-democrata não poupou críticas aos socialistas.

“Eu percebo que o Partido Socialista, que quando era Governo dava indicações à Caixa Geral de Depósitos sobre que créditos haveria ou não de dar, tenha peso na consciência. Mas isso não significa que todos os governos sejam como os governos socialistas. São objetivamente falsas as acusações que se fazem a Maria Luís Albuquerque. Nós não nos imiscuímos na administração das empresas que dependem do Estado”.

A terminar, e instado a comentar se este caso pode ou não prejudicar a imagem da classe política aos olhos da opinião pública, Matos Correia reconheceu que sim, que “infelizmente” isso pode vir a acontecer. Mas os culpados, insistiu, são os mesmos políticos que “não hesitam em lançar lama” e não quem age em conformidade com a lei.