Berta Cáceres, uma reconhecida ativista hondurenha, foi morta em casa na madrugada de quinta-feira, conta o New York Times. Cáceres lutava em muitas frentes, nomeadamente a favor dos direitos humanos, povos indígenas e ambiente, e por isso vivia com um alvo na cabeça.

O El País diz precisamente que a hondurenha “cumpria todos os requisitos para ser vítima da violência nas Honduras”. Porquê? Porque era mulher, ativista, defensora dos indígenas e uma pedra no sapato do Governo. O diário espanhol conta que, em 2009, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos obrigou o estado hondurenho a garantir a segurança de Cáceres, que era vítima de ameaças frequentes. O ministro da Segurança, Julián Pacheco, afirmou esta sexta-feira que a proteção policial se mantinha — os homens armados terão entrado na sua habitação por volta da uma da manhã local.

Berta Cáceres fundou, em 1993, o Conselho Cívico das Organizações Indígenas e Populares das Honduras, liderou as vozes contra o projeto hidroeléctrico de Agua Zarca e esteve contra o golpe de Estado que, em 2009, tirou Manuel Zelaya do poder, conta o NYT. Em 2015, venceu o prémio Goldman Environmental, tida como a mais importante distinção na área da proteção ambiental.

“Ela foi uma mulher muito valiosa para as Honduras”

O corpo da ativista chegou pela meia-noite à sua terra natal, em Tegucigalpa, num helicóptero das Forças Armadas daquele país, para ser prestada homenagem e o devido luto, conta o jornal hondurenho El Heraldo. À sua espera, à entrada da cidade, estavam centenas de pessoas. Já houve uma espécie de velório na sede do partido Libertad y Refundácion (Libre) e num sindicato de trabalhadores, conta o mesmo diário. O funeral está marcado para sábado.

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O presidente das Honduras já reagiu, informando que os Estados Unidos estão a colaborar na investigação. “As Honduras foram atacadas diretamente com a morte de Berta Cáceres, uma dirigente [do povo] Lenca, dirigente dos direitos humanos, que se destacou também na luta pela proteção do meio ambiente. Ela foi uma mulher muito valiosa para as Honduras”, disse Juan Orlando Hernández. O povo saiu à rua, entrou em conflitos com polícias, e deixou muitas mensagens de apoio e homenagem à causa de Cáceres (ver fotogaleria).

A filha de Cáceres exige justiça e apelou ao fim da violência. “Não queremos mais mortes”, disse Berta Isabel Zúñiga Cáceres, exigindo o fim dos “projetos elétricos da morte” e a união das organizações sociais para garantir justiça para este crime, pode ler-se noutro artigo do El Heraldo. A sua mãe, no vídeo do AJ+ exibido em baixo, diz-se muito perturbada e falou em alguém especial: “Ela era muito inteligente e muito valente. E, bom, vejam como acabou…”