A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) afirmou que a contratação de Maria Luís Albuquerque pelo grupo Arrow Global, mesmo que se prove ser legal, não deveria ser possível porque “não é politicamente aceitável”.

“Nós não sabemos se Maria Luísa Albuquerque pode ou não ocupar este cargo, tem de ser investigado, há limitações às incompatibilidades, mas mesmo que fosse legal, que ainda não sabemos se é, não deveria ser possível porque não é politicamente aceitável”, defendeu Catarina Martins durante uma sessão pública dedicada ao tema “O que traz este Orçamento? O que quer o Bloco?” realizada sexta-feira à noite, no Porto.

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque foi nomeada para diretora não executiva do Arrow Global, grupo britânico de gestão de crédito, com efeitos a 7 de março.

Segundo uma apresentação a investidores do verão em 2015, publicada na página do grupo na Internet, a Arrow Global gere em Portugal uma carteira de crédito de 5,5 mil milhões de euros, tendo entre os clientes os bancos Banif, Millennium BCP, Montepio, Santander, Banco Popular, entre outros.

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Catarina Martins sustentou haver “sinais de desconforto” no PSD porque apesar do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho dizer que Maria Luísa Albuquerque deveria estar orgulhosa do contrato que assinou, não foi esta que divulgou a notícia.

“Teve de ser o BE a denunciar porque eles estavam muito orgulhosos, mas muito caladinhos. Talvez, tivessem noção de que é politicamente inaceitável”, vincou.

A porta-voz do BE voltou a defender uma mudança na lei – proposta já apresentada pelo partido e chumbada em 2013 — para que casos como estes não se repitam. E realçou: “a lei dizia tão simplesmente que uma pessoa não pode ir trabalhar para uma empresa do setor privado que tutelou, exceto se for o regresso ao seu local de trabalho normal, como é evidente”.