O ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, disse esta quinta-feira que Luanda vive epidemias de malária grave e febre-amarela que estão a deixar os hospitais sem capacidade de resposta, mas afastou a possibilidade de declarar a situação de emergência na capital.

O governante falava aos jornalistas depois de visitar uma das unidades hospitalares de Luanda, tendo anunciado a disponibilização de uma dotação adicional de mais de 30 milhões de dólares (26,8 milhões de euros) para a compra de vacinas, medicamentos e outro material médico para combater as duas epidemias que afetam a capital, verba que ainda será reforçada.

“Registámos desde o início deste ano, aqui na província de Luanda, uma epidemia de paludismo [malária] grave que tem, juntamente com a febre-amarela, aumentado a procura por parte dos utentes das unidades de saúde”, apontou Luís Gomes Sambo.

Só a febre-amarela já matou desde dezembro, em Luanda, 137 pessoas, não sendo ainda conhecidos números oficiais sobre a malária, que é a principal causa de morte em Angola.

Alguma comunicação social privada angolana tem vindo a relatar que os cemitérios de Luanda, província com quase sete milhões de habitantes, registam atualmente algumas centenas de funerais por dia e que as morgues estão em total rotura.

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Angola vive uma profunda crise económica e financeira devido à quebra das receitas fiscais com a exportação de petróleo, o que levou o Estado a cortar nos gastos. Nos últimos dias multiplicaram-se donativos de empresários e população aos hospitais de Luanda, sem consumíveis e alimentos.

“Registamos duas ou mesmo três vezes mais o número de pacientes que acorrem aos bancos de urgência e que têm necessidade de internamento, na sua maioria crianças e adolescentes. Os hospitais e centros de saúde não têm capacidade suficiente para atender um número tão elevado de pacientes em circunstância de epidemia”, reconheceu o ministro da Saúde.

Além das duas epidemias declaradas, Luanda vive uma situação de lixo acumulado em toda a província, foco de várias doenças, e as fortes chuvas que se registaram nos últimos meses propiciaram a multiplicação de mosquitos, focos de transmissão da malária e da febre-amarela.

De acordo com Luís Gomes Sambo, apesar de novas admissões na função pública estarem congeladas devido à crise financeira, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, aprovou a contratação “excecional” e “imediata” de pessoal médico em número “suficiente” para as “necessidades” dos hospitais.

“A situação é controlável, os meios de controlo estão a chegar, já foram mobilizados. O engajamento do Governo é suficiente para controlar a situação, até este momento, e portanto não vemos a necessidade de declarar o estado de emergência, esta é uma questão de momento”, concluiu o ministro.