Donald Trump diz que está farto de ser enganado e quer renegociar todos os tratados internacionais dos Estados Unidos da América, caso seja eleito presidente do país. Numa entrevista ao jornal The New York Times, o candidato assume que “a América primeiro” é o mote que norteará a sua política externa na Casa Branca. E deu vários exemplos. Um deles: se a Arábia Saudita e outros países árabes não enviarem tropas terrestres para combater o Estado Islâmico, Trump quer que a América deixe de lhes comprar petróleo ou que esses países paguem uma indemnização aos Estados Unidos pelo investimento que o país tem feito no combate ao grupo terrorista.
A entrevista do jornal de Nova Iorque, que foi feita por telefone ao longo de mais de cem minutos, focou-se apenas em assuntos de política externa e Donald Trump mostrou que tem uma opinião sobre cada um deles. O candidato defende que a América está “num caminho de fraqueza” e, de acordo com o próprio slogan da campanha, quer torná-la “grande de novo”. E isso pode implicar, entre outras coisas, mudar regras de tratados com décadas de existência. Outro exemplo de Trump: se o Japão e a Coreia do Sul não se comprometerem a financiar mais a presença de tropas americanas nesses países, eles podem mesmo ficar sem tropas americanas. “Não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar enormes quantias de milhões de milhões de dólares nisto tudo”, disse Trump, que na resposta a outra pergunta resumiu ainda mais: “Não vamos voltar a ser enganados. Vamos ser amigos de toda a gente, mas não deixaremos que se aproveitem de nós.”
“Se os nossos presidentes tivessem apenas ido à praia e tivessem aproveitado o mar e o sol, estaríamos muito melhor no Médio Oriente, em vez desta morte, destruição e perdas monetárias”
Apesar de assumir “a América primeiro” como princípio político, Donald Trump sublinhou na entrevista que quer ter uma postura “não isolacionista” que passa por um diálogo com as outras nações mundiais. Mesmo que esse diálogo, assume o próprio candidato, tenha como premissa de partida “o quão amigáveis [esses países] têm sido” para os Estados Unidos. “Temos sido desrespeitados, gozados e enganados há muitos, muitos anos por pessoas mais espertas, matreiras e duras do que nós. Nós fomos o rufia [the big bully, no original], mas não fomos governados inteligentemente. Temos sido o grande rufia estúpido e fomos enganados sistematicamente por toda a gente. A China, o Japão, a Coreia do Sul, o Médio Oriente…”
Até a NATO. Alegando que esta custa muito mais aos cofres dos Estados Unidos do que seria desejável, Trump defendeu uma reforma profunda da organização do Atlântico Norte. “A NATO é algo que na altura [em que apareceu] era excelente. Hoje em dia, tem de ser alterada. Tem de ser alterada para incluir o terrorismo. Tem de ser alterada do ponto de vista dos custos porque os Estados Unidos estão a suportar em demasia os custos da NATO”, disse.