É um documentário controverso e que esteve na origem de uma polémica que envolveu Robert DeNiro e o festival de cinema Tribeca, do qual é co-fundador. DeNiro, que tem um filho autista, começou por promover a exibição de um documentário polémico que defende que as crianças não devem ser vacinadas e porque a vacinação poderá influenciar o diagnóstico de autismo.
O ator norte-americano acabou por recuar no seu apoio. Num comunicado colocado no Facebook do certame, Robert DeNiro explica que a sua posição inicial tinha como objetivo criar uma oportunidade para a discussão do tema que lhe é, reconhece, “profundamente pessoal”. Mas depois de analisar a questão com a organização do Festival de Tribeca e outras personalidades de comunidade científica, “acreditamos que o filme não contribui para o debate que eu esperava”.
DeNiro sublinha que o festival não pretende fugir a nenhum tema controverso. No entanto, acrescenta, “há certos aspetos deste filme que nos preocupam e que achamos que nos impedem de o apresentar no programa do festival. Decidimos por isso retirá-lo da calendário”. Este certame realiza-se na cidade de Nova Iorque entre 13 e 24 de abril.
No documentário, uma figura importante ligada ao sistema de saúde americano afirma existir “fraude” dentro dos centros para o controlo e a prevenção de doenças dos EUA e garante que “as vacinas estão a causar autismo”, escreve o The Guardian. O filme arranca com a frase “Será que as nossas crianças estão seguras?”
O filme chama-se “Vaxxed: From Cover-Up to Catastrophe” e o argumento e a realização é de Andrew Wakefield, um ativista anti-vacinação. Wakefield foi também autor de um estudo na área, que chegou a ser publicado em 1998 no jornal médico britânico The Lancet, mas foi depois retirado em 2010. O Conselho Médico britânico apontou falhas e “violações éticas”, ligadas a conflitos financeiros de interesse, sendo que Wakefield ficou também sem a licença médica de profissão, investigou o The New York Times. O problema é que, até ao momento, na informação biográfica sobre Andrew Wakefield não consta que este perdeu a licença de profissão nem que viu o seu estudo ser retirado do jornal médico.
Robert DeNiro foi a face mais visível da polémica, depois de ter autorizado, numa fase inicial, a passagem do documentário no festival que coordena. Mais do que autorizar, o ator chegou a pedir que fosse exibido.
“Grace e eu temos um filho com autismo”, disse, referindo-se à mulher Grace Hightower De Niro. “Nós acreditamos que é importante que os assuntos ligados ao autismo sejam abertamente discutidos. Nestes 15 anos do Tribeca Film Festival, nunca fiz nenhum pedido especial para nenhum filme. Nunca me meti nas questões da programação. Mas isto é uma questão muito pessoal para mim e para a minha família e eu quero que haja uma discussão sobre isto. Por isso é que vamos passar o Vaxxed”, disse o ator, refere o New York Times. Apesar de insistir na divulgação do filme, o ator diz que “não é contra a vacinação”, refere o The Guardian.