Medalhas, sim. Mas só para “feitos excecionais”. Pelo menos é esta a vontade de Marcelo Rebelo de Sousa. O novo Presidente da República quer pôr um travão ao ritmo com que são dadas condecorações em Portugal e vai começar já nas próximas comemorações do 10 de junho: a lista de agraciados vai encolher – e muito.
A história é contada pelo Diário de Notícias. De acordo com este jornal, ao reduzir o número de condecorações, Marcelo Rebelo de Sousa pretende valorizar o gesto da condecoração presidencial. Torná-lo mais especial.
O DN acrescenta ainda uma outra novidade: Pedro Passos Coelho não será condecorado nas celebrações do 10 de junho. Sabe-se que a relação entre os dois não é a mais calorosa. Desde a rábula do “cata-vento de opiniões erráticas” ao mais recente congresso do PSD, em que o líder social-democrata se referiu ao Presidente da República como “Dr. Rebelo de Sousa”, proximidade é algo que parece não existir entre Marcelo e Passos.
Esta, ainda assim, não é uma situação excecional. Jorge Sampaio, por exemplo, nunca condecorou Santana Lopes. E Cavaco Silva nunca condecorou José Sócrates – nem parece que Marcelo Rebelo de Sousa o venha a fazer. Mas estas são situações limite, em que Presidente da República e primeiro-ministro quase cortaram relações.
De resto, os anteriores moradores do Palácio de Belém tiveram ritmos muito diferentes na hora de atribuir medalhas. Ramalho Eanes e Cavaco Silva foram bem modestos. Em contrapartida, Jorge Sampaio ficou injustamente conhecido com “Rei das Medalhas”, mesmo tendo ficado bem longe do recorde de Mário Soares, o verdadeiro “campeão das condecorações”.
Como o Observador explicou quando decidiu viajar pelo polémico mundo das medalhas do 10 de junho, entre 1986 e 1996, o fundador do PS e Presidente da República entregou 2.505 medalhas em dez anos. O mesmo que dizer que seriam precisas quase três edições dos Jogos Olímpicos, onde foram distribuídas 961 medalhas, para acompanhar o ritmo do fundador do PS. Marcelo quer ir mais devagar.