Marcelo Rebelo de Sousa vai condecorar Margarida de Sousa, a porteira portuguesa que ajudou a socorrer dezenas de pessoas que procuravam abrigo durante os atentados de Paris, a 13 de novembro de 2015.

A informação é avançada pelo Diário de Notícias que conta também que a mulher de 57 anos, emigrante em Paris e porteira de profissão, ainda não terá sido informada sobre a condecoração. “Ninguém me disse nada. Continua tudo na mesma. As coisas só mudariam se ganhasse o euromilhões”, afirmou Margarida de Sousa ao DN.

O novo Presidente da República vai condecorar Margarida de Sousa por “feitos excecionais” protagonizados durante os ataques na capital francesa que vitimaram 137 pessoas (incluindo os sete terroristas).

Esta condecoração vem confirmar uma intenção de Marcelo: medalhas, sim, mas só para “feitos excecionais”. Marcelo quer pôr um travão ao ritmo com que são dadas condecorações em Portugal e vai começar já nas próximas comemorações do 10 de junho.

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Com uma lista de agraciados bem mais curta do que é habitual, Margarida de Sousa vai ganhar assim um lugar na galeria de honra do país. Ela que já foi condecorada pela presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo.

Margarida de Santos Sousa é porteira num prédio mesmo ao lado do Bataclan, a sala de concertos onde morreram mais de 80 pessoas. Foi uma das primeiras pessoas a socorrer os feridos e acolheu quase 60 pessoas na noite de 13 de novembro.

Poucos dias depois do ataque, em declarações à TVI24, a porteira portuguesa contava como tudo acontecera. Naquele dia, houve muita a gente a entrar no prédio, alguns a “gritarem por socorro outros aleijados, cheios de sangue”. Cinco pessoas apresentavam ferimentos de bala, incluindo uma jovem que acolheu em sua casa, que tinha duas balas nas costas. Houve ainda uma outra jovem que se escondeu debaixo da mesa e gritava para Margarida de Sousa fechar a porta e as cortinas, e apagar as luzes.

À Rádio Renascença, Margarida de Sousa contava mais alguns detalhes. “Consegui fazer entrar algumas pessoas, entre elas uma jovem de 25 anos que vinha toda ferida e que já quase não conseguia andar. Soubemos depois que tinha duas balas nas costas. Outras quatro pessoas, uma menos ferida, mas outra com uma bala no braço e uma senhora com uma bala no peito”.

Um mês depois dos atentados, Margarida de Sousa disse à agência Lusa que não gostavam que lhe chamassem “heroína”. “Se me dizem que sou uma heroína, que sou uma estrela, sinto-me mal. Não, não. Eu era Margarida, sou Margarida e continuarei a ser sempre a mesma Margarida. Nem mais, nem menos. Quando o fiz, não era para ter jornalistas à porta nem câmaras nem ninguém a fazer-me perguntas. Para mim, sinceramente, foi aquele pânico e aquele horror em que tive de ajudar e dar carinho àquelas pessoas”, contou a emigrante portuguesa.