Um investimento de 10 milhões de euros permitiu à Corticeira Amorim desenvolver uma tecnologia inovadora que em 20 segundos deteta a presença nas rolhas de cortiça de um composto químico (TCA) associado a desvios sensoriais nos vinhos.
“NDTech é uma tecnologia de ponta que possibilita uma revolução em termos de controlo de qualidade, na medida em que introduz pela primeira vez uma triagem individual nas linhas de produção das rolhas de cortiça, baseada em cromatografia gasosa, uma das análises químicas mais sofisticadas do mundo”, refere a empresa em comunicado.
Segundo explica, “tradicionalmente, cada análise de cromatografia gasosa demora cerca de 14 minutos”, mas com este desenvolvimento – feito em parceria com uma empresa internacional especializada – a Corticeira Amorim “conseguiu reduzir o tempo desta análise para cerca de 20 segundos, viabilizando a sua integração numa escala industrial”.
Como resultado, a corticeira passou a disponibilizar no mercado “rolhas de cortiça natural com garantia de TCA não detetável”, que garantem “um controlo sensorial irrepreensível”.
Segundo a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), o TCA é um composto químico vulgarmente presente na natureza e pode ser encontrado na madeira, no vinho, na água, no solo, em frutas, legumes e, também, na cortiça.
“É um produto exógeno ao vinho, à madeira e à rolha de cortiça, mas se estiver presente na atmosfera e entrar em contacto com as barricas, as rolhas de cortiça ou mesmo o vinho, é facilmente absorvido”, lê-se no sítio da APCOR na Internet.
De acordo com o grupo de Mozelos, Santa Maria da Feira, que é líder mundial no setor das rolhas de cortiça, a tecnologia NDTech assegura “uma precisão incrível”, sendo capaz de detetar “qualquer rolha de cortiça que apresente mais de 0,5 nanogramas/litro (partes por trilião) de TCA, removendo-a automaticamente da linha de produção”.
“Este nível de precisão numa escala industrial é surpreendente, tendo em conta que o limiar de deteção de 0,5 nanogramas/litro pode ser o equivalente a uma gota de água em 800 piscinas olímpicas”, explica.
Segundo a Corticeira Amorim, o desempenho da NDTech “está a ser validado por entidades líderes mundiais em investigação associada à indústria do vinho – a Geisenheim University, na Alemanha, e o Australian Wine Research Institute -, o que faz dela “a única tecnologia de controlo individual de qualidade do TCA alvo de validação científica por parte de ambas as organizações”.
Esta nova tecnologia será inicialmente aplicada à gama de rolhas naturais ‘premium’ da corticeira, que são utilizadas “por algumas das marcas de vinho mais importantes do mundo, incluindo as principais marcas nacionais”.
Até agora, revela, a recetividade dos produtores de vinho tem sido “muito positiva, tendo em conta a importância da rolha natural no ‘packaging premium’ [embalagem de qualidade superior] de vinhos, muito valorizada em mercados-chave para a exportação, como os EUA ou a China”.
“O desenvolvimento de NDTech é o culminar de um conjunto de medidas que visam um controlo sensorial irrepreensível da rolha de cortiça natural, considerada, desde há muito, o benchmark de vedantes e o que mais valor acrescentado cria para o vinho. A tecnologia será ainda complementada pelas medidas preventivas e curativas já existentes na Corticeira Amorim, incluindo o patenteado tratamento ROSA Evolution”, acrescenta a empresa.
Para o presidente e administrador executivo da Corticeira Amorim, António Rios de Amorim, a “aposta contínua” da empresa no reforço da qualidade das rolhas de cortiça tem sido “determinante” na consolidação da sua liderança na indústria e no aumento, nos últimos cinco anos, das vendas de três mil milhões de rolhas para um número recorde de 4,2 mil milhões em 2015.
“Este crescimento resulta, em parte, de uma maior perceção generalizada das vantagens técnicas e de sustentabilidade da rolha de cortiça, assim como da capacidade que esta tem de aportar valor ao vinho. Com NDTech, simplesmente tornamos melhor aquele que já é o melhor vedante para vinho”, conclui.