A bancada parlamentar do PCP uniu-se às do PSD e CDS no hemiciclo e chumbou o projeto de lei do Bloco de Esquerda contra o uso do herbicida cancerígeno glifosato. PS, PEV e PAN votaram a favor, mas o diploma dos bloquistas (anunciado na última semana durante o encerramento das jornadas parlamentares do partido) não seguiu por diante.
O Bloco de Esquerda pedia a proibição do uso de “quaisquer produtos fitofarmacêuticos contendo glifosato em zonas urbanas, de lazer e vias de comunicação”.
O PCP chumbou o projeto de lei, é verdade, mas, como alternativa, apresentou um projeto de resolução ao Governo, recomendando algumas medidas para controlar os fitofármacos e sua aplicação sustentável. Para isso, sugerem os comunistas, deve ser criada uma comissão multidisciplinar para acompanhar esta área. O projeto de resolução será votado esta sexta-feira.
Entretanto, o Bloco Esquerda já reagiu ao chumbo no Parlamento, criticando (principalmente) a posição do PCP.
Nelson Peralta, dirigente da Mesa Nacional do partido, assinou um artigo de opinião no esquerda.net intitulado “Glifosato: o sectarismo faz mal à saúde”. E lê-se, sobre o veto comunista: “A 15 de abril foi votada a proposta do Bloco de proibir totalmente a utilização de glifosato, em espaço público e na agricultura. O PCP absteve-se. Agora, perante uma proposta mais limitada (apenas a proibição no espaço público), o PCP votou contra. Agora o seu voto fazia a diferença. Há um mês, na proposta mais ampla, o voto do PCP não era decisivo. Hoje, teria bastado o PCP repetir a abstenção para viabilizar o projeto-lei, uma vez que o PS anunciou o seu voto favorável. Quando o seu voto poderia mudar a vida das pessoas, o PCP optou por deixar à União Europeia a decisão que podia ser tomada em Portugal, critica Nelson Peralta.
E conclui, com dureza: “O PCP não chumbou o projeto-lei porque a ideia era má. A proposta era má porque vinha do Bloco. É caso para dizer que o sectarismo faz mal à saúde.”