O Conselho de Segurança da ONU será informado ainda esta quinta-feira sobre a situação na Guiné-Bissau, numa reunião à porta fechada em Nova Iorque, pelo Assistente do Secretário-Geral para Assuntos Políticos, Tayé-Brook Zerihoun.

Os membros do conselho querem saber mais sobre a crise no país, onde o Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu a 12 de maio o Governo do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Carlos Correia, alegando, entre outros motivos, que perdeu apoio parlamentar.

O pedido de informação foi feito pelo Senegal, um membro não permanente, alegando que o organismo não discutia o país desde que tinha visitado a região a 7 de março, no âmbito de uma visita à África Ocidental. Uma das preocupações do Conselho, segundo o gabinete de um dos países membros, é a possibilidade de uma intervenção militar caso a crise política não seja resolvida.

Quarta-feira, os militares organizaram uma marcha em Bissau usando roupas civis, para mostrar que não têm intenções de interferir, o que é visto como positivo. Será também discutido no encontro os riscos da retirada da ECOMIB, a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), devido a dificuldades no seu financiamento.

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Uma declaração da Comissão de Construção de Paz da Guiné Bissau, datada de de 10 de maio, fala numa “necessidade premente” de financiar a missão para assegurar a sua continuidade. A ECOMIB é vista como muito eficaz na dissuasão de uma ação por parte dos militares e os membros deverão querer saber mais sobre o seu papel e necessidades financeiras.

Tayé-Brook Zerihoun, que fará o ‘briefing’, deve também falar sobre as negociações que decorrem para estabelecer um novo governo. Depois de o Presidente José Mário Vaz ter demitido dois governos no espaço de 10 meses, alguns membros acreditam que o responsável não está interessado em trabalhar com o PAIGC.

Zerihoun deve ainda fazer um balanço sobre as atividades do novo Representante Especial para o país, o maliano Modibo Touré, que assumiu o cargo no mês passado, substituindo o são-tomense Miguel Trovoada.

Depois de demitir o governo do PAIGC, José Mário Vaz recorreu ao “segundo partido mais votado” com a justificação de que o partido no poder não lhe apresentou nenhuma proposta que garanta estabilidade.

Óscar Barbosa, dirigente do PAIGC, referiu hoje em conferência de imprensa que a posição do chefe de Estado representa “uma violação flagrante e criminosa da Constituição”. José Mário Vaz realizou hoje auscultações aos partidos com assento parlamentar. Segundo os participantes nas reuniões, o chefe de Estado disse já ter recebido propostas para um novo Governo, que vai agora estudar.