Um livro que promete trazer muitas revelações sobre o curto pontificado de Bento XVI. No livro de memórias “As Últimas Conversas”, Joseph Ratzinger revela, entre outras coisas, que enfrentou e anulou um lóbi gay no interior do Vaticano que procurava controlar as suas decisões.

A informação é avançada pelo jornal italiano Corriere della Sera, que detém os direitos para divulgar trechos do livro em Itália, e merece o destaque da Reuters. De acordo com aquela agência de notícias, Bento XVI revela na obra que tomou conhecimento da existência de um grupo de quatro ou cinco pessoas que procurava influenciar as decisões do Vaticano em nome do lóbi gay. Bento XVI interveio e terá conseguido “desfazer esse grupo poderoso”.

Como lembra a Reuters, o antecessor de Jorge Mario Bergoglio abdicou do cargo depois de um caso que tem tanto de polémico como de misterioso. Em 2012, Paolo Gabriele, mordomo pessoal do Papa desde 2006, foi acusado de ter feito chegar à comunicação social italiana uma série de cartas e documentos confidenciais que alimentaram denúncias de corrupção, abuso de poder e falta de transparência financeira do Vaticano. Depois de ter sido detido e condenado, Paolo Gabriele acabou por receber um indulto papal. Bento XVI deixaria o cargo em 2013 — era a primeira vez que acontecia em seis séculos.

Na altura, muito se especulou sobre o que de facto teria motivado a renúncia de Bento XVI — o agora Papa emérito sempre disse que deixou o cargo por motivos de saúde. Parte da comunicação social italiana, no entanto, nunca ficou convencida com a justificação de Ratzinger e cedo montou uma teoria da conspiração em torno de uma suposta campanha de descredibilização de Bento XVI. O “Vaticanoleaks”, alimentado por um conjunto de prelados, seria, assim, o culminar dessa campanha.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Reuters lembra, a propósito, o testemunho de várias fontes não identificadas ligadas à Igreja Católica. De acordo com estes testemunhos, existe uma comunidade gay no interior do Vaticano que tem procurado reforçar as respetivas carreiras e influenciar a cadeia de decisões.

Na obra, Bento XVI nega, como sempre o fez, que tenha sofrido qualquer tipo de chantagem ou pressão. Mais: admite inclusivamente a “sua falta de firmeza” na condução dos destinos do Vaticano.

As memórias do Papa emérito vão ser publicadas a 9 de setembro e, pela amostra, prometem trazer muito polémica.