O Partido Popular (PP) espanhol vai ser alvo de uma ação jurídica depois de ter sido investigado no âmbito da destruição dos computadores do antigo tesoureiro, relacionada com o caso Gürtel. De acordo com o jornal El País, a juíza Rosa Freire de Madrid, instrutora do caso, vai processar o partido por ter afetado a investigação que estava então a ser levada a cabo pela Audiência Nacional.

A magistrada propõe ainda julgar por incumprimento e danos a atual tesoureira do PP, Carmen Navarro, que sucedeu a Bárcenas, e o advogado do partido, Alberto Durán Ruiz de Huidobro, que, em abril de 2013, mandou o informático José Manuel Moreno “aplicar os protocolos de segurança e realocação” nos computadores do ex-tesoureiro.

De acordo com a juíza de Madrid, a ordem de Alberto Durán tinha como objetivo a “destruição consciente” da informação que se encontrava armazenada nos aparelhos. Segundo Rosa Freire, isso foi conseguido recorrendo à medida “mais drástica” — ou seja, através da formatação dos discos rígidos (processo que foi realizado até 35 vezes) e, mais tarde, da sua “destruição física”. José Manuel Moreno também será acusado, refere o El País.

Os computadores de Luís Bárcenas foram destruídos depois de o tesoureiro ter sido acusado de corrupção no âmbito do caso Gürtel, relativo a uma rede de financiamento ilegal que ligava vários líderes políticos do PP e diferentes empresários. Em tribunal, Bárcenas explicou que uma parte do dinheiro das doações do partido era usada para fazer pagamentos ilegais a dirigentes.

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Até agora, o PP apenas tinha sido acusado de ser o subsidiário no caso. A decisão da juíza Rosa Freire significa que o partido de Mariano Rajoy poderá ser acusado como autor direto do crime. O partido já anunciou que irá recorrer da decisão.

Esta é a primeira vez que um partido político será julgado em Espanha depois de ter entrado em vigor a lei que introduziu a responsabilidade penal dos partidos políticos e sindicatos. Esta foi introduzida em 2012 pelo então ministro da Justiça, Alberto Ruiz Gallardón, do Governo de Mariano Rajoy. No início do ano, a juíza recorreu pela primeira vez a esta lei quando decretou que o partido deveria ser investigado.

A decisão de Rosa Freire surge numa altura particularmente frágil para o PP, que tem tentado a todo o custo formar uma coligação para que possa formar governo. O partido de Rajoy ganhou as últimas duas eleições em Espanha, sem porém ter conseguido a maioria absoluta.