Marieke Vervoort é a campeã paralímpica dos 100 metros em cadeira de rodas e trouxe de Londres, em 2012, três medalhas. Agora, está a caminho do Rio de Janeiro, para tentar o mesmo feito nos Paralímpicos do Brasil, que decorrem de 7 a 18 de setembro. Nada mais normal, não fosse a intenção de Marieke para depois da competição: ela quer morrer.

A atleta belga, de 37 anos, sofre de uma doença degenerativa, que a paralisou da cintura para baixo, e já anunciou a sua intenção de se submeter à eutanásia — legal na Bélgica –, depois dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. A atleta revelou a intenção ao jornal Le Parisien.

O Rio é o meu último desejo. Treino muito, apesar de ter de lutar dia e noite contra a minha doença. Espero terminar a minha carreira num pódio no Rio de Janeiro”

Para Marieke, ao terminar a carreira no desporto de alta competição, acaba a sua “única razão de viver”. Teve de abandonar muitos desportos, e já só consegue fazer corridas em cadeira de rodas. “É muito difícil descobrir, ano após ano, aquilo que já não consigo fazer”, lamenta.

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Marieke Vervoort já tem os papéis tratados para a eutanásia. Na Bélgica, esta forma de morrer é legal desde que três médicos deem o seu consentimento por escrito. E o funeral também já está planeado: “Quero que toda a gente tenha um copo de champanhe na mão e se lembre de mim”.

DOHA, QATAR - OCTOBER 26: Marieke Vervoort of Belgium poses with her gold medal, Kerry Morgan of USA silver and Yuka Kiyama of Japan bronze after the women's 100m T52 final during the Evening Session on Day Five of the IPC Athletics World Championships at Suhaim Bin Hamad Stadium on October 26, 2015 in Doha, Qatar. (Photo by Warren Little/Getty Images)

Marieke Vervoort é campeã do mundo dos 100 metros em cadeira de rodas. Venceu a prova no campeonato mundial de atletismo de Doha, Qatar, em 2015. (Imagem: Warren Little/Getty Images)

“Toda a gente me vê sorrir com a minha medalha de ouro, mas ninguém vê o lado negro. Sofro muito, às vezes durmo dez minutos por noite”, diz Marieke. E acrescenta: “É inútil queixar-me”.

A campeã paralímpica, que também é campeã do mundo desde o campeonato mundial de Doha, no Qatar, em 2015, irá participar nas provas de 100 e de 400 metros, no Rio de Janeiro. Ganhar uma medalha é ainda uma incerteza. Mas irá seguramente ficar na memória desportiva como uma lenda olímpica, que a competição manteve viva.