O ex-deputado do CDS-PP Raul Almeida defendeu esta sexta-feira que a polémica do MPLA é “o culminar de uma série de ausências e más intervenções” de Assunção Cristas. É o caso da “frivolidade” que a líder do CDS terá mostrado durante os incêndios, diz, acrescentando que se Cristas “não se portar como uma atriz de telenovelas”, ainda “há tempo” de o partido se sair bem no capítulo que se segue, que é o das autárquicas.
Primeiro, o caso de Angola. Raul Almeida, um dos principais subscritores da moção alternativa encabeçada por Filipe Lobo D’Ávila ao Conselho Nacional, no Congresso que elegeu Assunção Cristas como líder em março, pede, em declarações à agência Lusa, “um exame profundo, sem passa culpas nem bodes expiatórios no deputado Hélder Amaral”.
“A questão do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] é o culminar de uma série de ausências ou más intervenções políticas da direção do partido“, afirmou à agência Lusa, sublinhando que Hélder Amaral “foi ao Congresso do MPLA com um mandato político da direção e não pode ser abandonado”.
Mas as críticas de Raul Almeida começam na ausência de Assunção Cristas na votação no parlamento sobre maternidade de substituição, prosseguem com a “resposta tardia e a reboque do PSD ao IMI e à Caixa Geral de Depósitos” e na resposta ao caso das viagens pagas pela Galp. “Há uma ausência completa e um certo culto da personalidade e da frivolidade de uma presidente que está nas revistas cor-de-rosa quando o país está a arder“, afirmou, apontando que o concelho governado pelo CDS de Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, foi particularmente afetado.
“O partido tem de ser assertivo e eficaz, não a girar em torno de questões pessoais”, acrescentou.
Para Raul Almeida, existe da direção do partido uma “desvalorização completa do aparelho partidário, que é visto de forma utilitária e instrumental” que tem de mudar numa altura em que prepara as eleições autárquicas de 2017. “Se Assunção Cristas se comportar como presidente do CDS, um partido que se pretende conservador e democrata-cristão, e não como uma atriz de telenovelas, e ouvir todos, unir todos, sem autoritarismos, valorizando o aparelho, ainda vamos a tempo de salvar as autárquicas”, declarou.
Raul Almeida não considera que seja tempo ainda de reunir os órgãos do partido, pedindo que primeiro haja um “exercício de reflexão” pela direção centrista. “É muito importante que a líder do CDS não confunda a ‘rentrée’ com a ‘silly season'”, disse.