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40% do alunos que terminam o ensino secundário não prosseguem estudos

Este artigo tem mais de 5 anos

São os alunos que concluem o 12.º pela via profissional que mais ficam pelo caminho. Governo está a estudar maneiras de "evoluir no ingresso no ensino superior". Cursos técnicos superiores são aposta.

Os alunos que concluem o 12.º pela via científico-humanística prosseguem mais estudos do que os do profissional
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Os alunos que concluem o 12.º pela via científico-humanística prosseguem mais estudos do que os do profissional

AFP/Getty Images

Os alunos que concluem o 12.º pela via científico-humanística prosseguem mais estudos do que os do profissional

AFP/Getty Images

Mais de 25 mil estudantes que terminaram o ensino secundário no ano 2013/14, não prosseguiram com os estudos. Feitas as contas, isso representa 40% dos 62.923 que concluíram o 12.º ano, de acordo com o estudo “Transição entre o secundário e o superior”, divulgado este domingo pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).

Os números preocupam a equipa de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que, num encontro com jornalistas, na passada sexta-feira, afirmou que “o pior que pode acontecer é não estarmos a educar mais jovens com 18 anos”.

Cerca de 20 mil jovens que terminam o ensino secundário não estão a ingressar no ensino superior. No público adulto, entre os 25 e os 30 anos, de acordo com a DGEEC, há 200.000 pessoas com o 12.º ano que nunca tiveram oportunidade de ingressar no ensino superior”, declarou.

E olhando mais a fundo, percebe-se que o grande problema está nos alunos que concluem o ensino secundário pela via profissional. É neste segmento que se observa uma maior taxa de jovens que pararam de estudar: 82% dos 22.845 jovens que concluíram o 12.º ano em 2013/14 não foram encontrados a estudar em nenhuma via de ensino no ano seguinte. Esta taxa compara com os apenas 16% de estudantes da via científico-humanística que terminaram o seu percurso de estudos no 12.º ano, como pode observar no gráfico que se segue. Passando o ponteiro por cima da imagem poderá verificar quais as percentagens de alunos que prosseguiram uma ou outra via.

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E muitos fatores podem explicar esta realidade, como o próprio estudo elenca. Desde logo, os alunos que enveredam pelo profissional no secundário têm, em regra, um histórico de notas mais baixas ou até chumbos. Depois, o concurso nacional de acesso ao ensino superior usa critérios de seleção adaptados à formação dos alunos que frequentam a via científico-humanística no ensino secundário, ou seja, as provas de ingresso coincidem com os exames nacional que avaliam conteúdos específicos destes cursos e não dos cursos profissionais. E a juntar a tudo isto, o ensino superior tem estado “muito afastado do ensino profissional”.

Precisamente para corrigir alguns destes pontos, o Governo está a estudar “alterações ao regime de acesso ao ensino superior, designadamente as que se referem às condições de ingresso dos estudantes com um curso secundário profissional ou artístico especializado nos cursos de licenciatura e integrados de mestrado”.

O ministro esclareceu, porém, que não existe “nenhum compromisso em alterar o regime geral de acesso”, até porque é “algo que só deve ser tocado com grande consenso da sociedade portuguesa”. Por isso mesmo o relatório que resultar deste grupo de trabalho, até ao final de setembro, será posto à discussão e “só depois tomaremos decisões”.

Além disso, este Ministério vai apostar nos cursos técnicos superiores, criados pelo anterior Governo, que são formações de nível superior de dois anos, que não conferem grau.

“O que sabemos é que as formações curtas podem ser uma via facilitada para estimular os jovens que optaram por vias profissionalizantes a ingressarem no ensino superior. E por isso criámos um grupo de trabalho para estudar formas de evoluir no ingresso no ensino superior. No ideal queremos um ensino superior aberto e diversificado, que estimule a mobilidade social. As formações curtas são uma vida, mas não a única para estes estudantes”, afirmou o ministro Manuel Heitor.

Neste ano letivo que agora vai iniciar vão abrir 580 cursos diferentes, com uma capacidade para receber 18.193 alunos em 98 localidades distintas. As instituições superiores públicas (institutos politécnicos e unidades de ensino politécnico dentro de universidades) estimam vir a receber 7.409 novos alunos por esta via.

Habilitações da mãe são mais determinantes do que nível de rendimentos da família

Estes dados revelam assim que a modalidade de ensino secundário que é escolhida pelos alunos influencia muito o prosseguimento de estudos e ainda mais do que o fator socioeconómico porque filhos de mães com habilitações superiores que escolham a via profissional no secundário têm menos probabilidade de aceder ao ensino superior do que filhos de mães sem habilitações que escolham cursos científico-humanísticos.

De facto, todo os grupos de alunos provenientes dos cursos científico-humanísticos (mesmo os grupos com indicadores de contexto mais desfavoráveis) têm, em média, taxas de prosseguimento de estudos acima das taxas dos grupos provenientes dos cursos profissionais (mesmo os alunos dos profissionais com indicadores de contexto mais favoráveis) “, lê-se no estudo apresentado pela Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência.

Mas nem por isso o fator socioeconómico deixa de pesar nesta transição. É mais do que certo e sabido, por vários estudos que vão sendo publicados e até pelo senso comum, que alunos vindos de famílias com um contexto socioeconómico favorável têm à partida maior sucesso escolar e estudam mais anos.

Neste estudo, os investigadores desagregaram duas variáveis desse contexto — o escalão do apoio social escolar e as habilitações da mãe. E chegaram à conclusão que, “embora elas estejam correlacionadas entre si, a habilitação da mãe parece ter um efeito maior nas taxas de prosseguimento de estudos do que o escalão do apoio da ação social escolar”. É que “quando as famílias têm habilitações elevadas mais dificilmente aceitam que os seus filhos deem por terminados os estudos no final do secundário”, além de que incutem uma cultura de maior valorização do estudo e dão mais apoio escolar.

Ser público ou privado, ser rapaz ou rapariga pouco conta

Mais surpreendente pode ser o facto de não ter muita influência no prosseguimento de estudos a escola de onde se veio. Ou seja, ser ensino público ou privado pesa pouco na hora de o aluno optar por continuar a estudar no ensino superior ou não. Para os alunos diplomados em 2013/14 pela via científico-humanística, a taxa de prosseguimento de estudos em 2014/15 era de 84%, independentemente de terem frequentado colégios privados ou escolas públicas.

Assim como também tem “relativamente pouca influência” ser homem ou mulher. Isto é: olhando para os alunos que saem do ensino secundário, sem fazer distinções de vias de estudos, há mais mulheres a prosseguirem estudos superiores, mas isso é porque as mulheres estão sobre representadas nos cursos científico-humanísticos. Se isolarmos os alunos da via científico-humanística e da via profissional, “a probabilidade de prosseguimento de estudos é praticamente igual para mulheres e homens, até com ligeira vantagem para os homens no caso dos profissionais”, lê-se no estudo agora apresentado.

É em Coimbra que mais alunos prosseguem estudos

Fazendo um raio-X ao país, esta análise permite perceber que a maior percentagem de alunos que prosseguem os estudos depois de concluir o ensino secundário, na modalidade de científico-humanísticas, regista-se no distrito de Coimbra – 93% dos alunos estava a estudar um ano depois de ter terminado o 12.º ano. No canto oposto, está Faro onde a percentagem não ia, em 2014/15, além dos 78%, muito abaixo de Coimbra e bem abaixo da média de Portugal Continental (84%).

Desviando o olhar para os alunos que concluem o 12.º pela via profissional, “as assimetrias regionais são ainda mais marcadas”. Bragança destaca-se como o distrito em que mais alunos, vindos desta via, prosseguem estudos – 34%, o triplo dos estudantes que seguem esse caminho em Beja (apenas 10%). A média nacional ronda os 18%.

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