O tabu da candidatura à Câmara Municipal de Lisboa está lá mas Pedro Santana Lopes continua a dizer que a sua “intenção” é “cumprir o mandato” na Santa Casa da Misericórdia até ao fim. Ou seja, até março de 2019. Em entrevista publicada este sábado no Diário de Notícias, o provedor da Santa Casa e ex-líder do PSD afirma que quer “levar por diante” os projetos que tem a seu cargo. Esta semana, num lanche de celebração dos seus cinco anos como provedor, junto da equipa mais próxima, citou Zeca Afonso para dizer “venham mais cinco”.
Depois de a presidente do CDS, Assunção Cristas, ter anunciado, no sábado, a sua candidatura à câmara de Lisboa, numa precipitação que foi lida por muitos como uma forma de pressionar o PSD, Santana Lopes não desfaz totalmente o tabu que mantém aceso desde que, em abril, subiu ao palco do congresso do PSD, em Espinho, a pedir aos sociais-democratas para se manterem “cool” em relação às autárquicas. “Keep cool”, disse na altura. Desde então o PSD tem estado em suspenso, à espera de Santana, não avançando com outros nomes para Lisboa. Mas Santana parece estar a fugir cada vez mais.
Questionado pelo DN sobre se se via a fazer outras coisas nos próximos anos, que não manter-se à frente da Santa Casa, o ex-primeiro-ministro respondeu que “não”. “Como já disse em julho e mantenho, a minha intenção é cumprir o mandato, levar por diante estes projetos que tenho a meu cargo. Eu estou aqui, ao mesmo tempo tenho a minha vida profissional privada, que como calcula é muito prejudicada com isto”, disse.
Esta quinta-feira, ao final da tarde, outra indireta: num lanche organizado pela equipa da Santa Casa, no pátio do Convento de São Pedro de Alcântara, para comemorar “cinco anos de obras por boas causas”, Santana lembrou a música de Zeca Afonso e, depois de soprar as velas, pediu “mais cinco”. Segundo o semanário Expresso, o provedor reforçou depois a ideia. “É na linha do que eu tenho dito sempre: tenciono continuar aqui salvo circunstâncias excecionais”, disse, sugerindo que os funcionários têm todos pedido para “não ir para a câmara”.
Mas a hipótese continua no ar. Na semana Passada, Passos Coelho lembrou o timing que o partido definiu no último Conselho Nacional: o PSD tem até março para anunciar todos os seus cabeças de lista às câmaras do país, sendo certo que todos sabem que cabe a corrida à câmara da capital é uma escolha, em última análise, do líder do partido. Passos pediu aos sociais-democratas mais “ansiosos” para “respirarem fundo”, naquilo que Santana Lopes acabou por apelidar de ser uma nova versão do “keep cool” por si anunciado.
No seu espaço de debate com António Vitorino na SIC Notícias, na terça-feira, Santana já tinha reiterado que não tem pressa e que “o PSD arranjará uma solução, seja ela qual for, mas no seu tempo”. Certo é que, ao mesmo tempo que o coordenador autárquico do PSD, Carlos Carreiras, admite em entrevista à Antena 1 que o PSD não soube o PSD “renovar-se ao longo destes anos desde que Santana saiu da Câmara para ter outra figura em que pudesse apostar”, cresce a hipótese de, se não houver Santana na equação, e o PSD ficar sem candidatos fortes, poder mesmo vir a apoiar a candidatura de Cristas à capital.