Um modelo informático revela finalmente o mistério sobre os anéis que envolvem planetas como Saturno, Urano ou Neptuno. A resposta afinal até é simples: tratar-se-ão de pedaços de planetas que foram lançados contra esses planetas do sistema solar.

Os anéis de planetas como Saturno parecem ser compostos de uma massa quase celestial, brilhante e de aparência leve. No entanto, têm um passado, digamos, violento. A sua formação só aconteceu porque a instabilidade da via láctea levou a que pedaços de planetas fossem lançados sobre estes planetas, provocando a formação destes anéis.

A discussão dura há séculos. Em 1655, Christuan Huygens falou pela primeira vez sobre a formação destes anéis de formação misteriosa, tentando chegar ao porquê da sua origem. Mas não chegou a uma conclusão concreta. A nova teoria agora divulgada foi estudada por um grupo de investigadores da Universidade de Kobe, no Japão, e pode finalmente ajudar a perceber a formação dos famosos anéis.

Quem foi Christian Huygens

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Christiaan Huygens, holandês, matemático e cientista, viveu durante o século XVII. O seu trabalho ficou conhecido, essencialmente na astronomia e na física.

No seu currículo contam os primeiros estudos feitos sobre os anéis de Saturno e ainda a descoberta da lua Titan.

 

O que explicam estes novos avanços?

O novo modelo de estudo, elaborado por simulações de computador, concentra as hipóteses do aparecimento dos anéis num período inicial do Sistema Solar, conhecido como Bombardeio Intenso Tardio. Aconteceu há 4 mil milhões de anos e consistiu na migração dos planetas gigantes. Júpiter formado no exterior do Sistema Solar, terá avançado como uma bola demolidora pelo Sistema Solar adentro, provocando uma devastação que acabou com a primeira geração planetária que começava a nascer. Naquela altura Saturno também fez uma viagem que só o Sol travou. A esse momento deu-se o nome de ressonância orbital. E teve consequências em todo o Sistema Solar.

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Uma das consequências deste “duelo de titãs” foi a destruição das órbitas de muitos objetos na Cintura de Kuiper. Aqui estão acumuladas uma série de pequenos objetos de gelo e também restos da formação do Sistema Solar. E foram estes, atraídos para o interior do sistema, que bombardearam os planetas em formação e, de acordo com os investigadores japoneses, formaram os anéis de alguns deles, nomeadamente Saturno.

Também os planetas Urano e Neptuno contam com anéis na sua órbita. No entanto a matéria que os compõe é diferente. Estes dois planetas não têm anéis formados de gelo, como Saturno (95%), mas sim de matéria rochosa. A teoria apresentada pela equipa de investigadores, liderada por Hyodo Ryuki, consegue explicar as diferenças existentes.

As viagens até aos anéis

A abordagem utilizada parte do facto de existirem na Cintura de Kuiper milhares de objetos com o tamanho de planetas como Plutão. Durante a distância percorrida até ao Sistema Solar, os investigadores calcularam a hipótese destes objetos passarem suficientemente perto dos grandes planetas ao ponto de serem capturados e destruídos pela força gravitacional durante o Intenso Bombardeio Tardio. Os resultados mostram que isso aconteceu efetivamente e várias vezes.

Segundo mostram os autores, num comunicado de imprensa, estima-se que quando acontecia um encontro entre um objeto oriundo da Cintura de Kuiper e um gigante gasoso, entre 0,1 e 10% da massa inicial do objeto gelado ficava preso à orbita do planeta. A matéria acumulada desses fragmentos presos é, por si só, suficiente para explicar a massa que envolve os anéis de Saturno e Urano. As simulações efetuadas, oferecem também uma possível explicação do processo em que os fragmentos de vários quilómetros começaram a chocar uns contra os outros, a grande velocidade, acabando por formar, os que são agora, os anéis que envolvem estes planetas.