O Governo declarou, esta quinta-feira, ser “absolutamente fundamental” reduzir o número de títulos de transporte e, desse modo, facilitar o uso dos transportes coletivos e defender os consumidores.

É absolutamente fundamental reduzir o número de títulos, porque com isso torna-se muito mais simples utilizar o transporte coletivo. Isso é que é verdadeiramente importante e defende muito o consumidor que se desloca dentro do espaço metropolitano”, advogou o ministro do Ambiente, que tutela a área dos transportes.

João Matos Fernandes falava em conferência de imprensa no final da reunião desta quinta-feira do Conselho de Ministros, e havia sido questionado sobre um alerta da Deco Proteste para o facto de os passageiros dos transportes públicos de Lisboa e Porto terem de pagar para viajar em toda a rede, mesmo que não usem todos os meios de transporte.

Percebo que um título intermodal não é necessariamente utilizado em toda a sua amplitude por parte de quem o adquire”, reconheceu Matos Fernandes, antes de falar no caso concreto da área metropolitana de Lisboa, onde existem “muitos títulos diferentes”, cenário que urge mudar para, desse modo, promover a “intermodalidade”.

Num artigo publicado na edição de janeiro da sua revista Dinheiro & Direitos, disponibilizada na quarta-feira, a associação que defende os direitos dos consumidores reivindica “soluções mais económicas e flexíveis” para os títulos de transporte. De acordo com a Deco, as tarifas devem permitir a combinação de vários meios de transporte adequados ao perfil de cada passageiro.

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O que serviu para justificar a venda exclusiva de passes intermodais em 2012 deixou de fazer sentido, a ‘troika’ já não está no país. Vamos, por isso, pedir justificações ao Governo, ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes”, entre outras entidades, avançou.

O artigo da revista faz uma análise aos títulos de transporte de Lisboa e do Porto e refere que quem os utiliza “já ficou com a sensação de que é melhor viver nos subúrbios e saltitar do autocarro para o comboio e, se possível, com escala por algumas estações de metro ou duas paragens de elétrico”, para usufruir o que paga.

A revista dá o seguinte exemplo: se se vive numa zona de Lisboa, mesmo que arredores, mas que tem ligação direta entre casa e trabalho via metropolitano, e se se pretende um passe social, terá de se pagar pelo menos um título de transporte que lhe abre as portas a toda a rede.

Ou seja, mesmo que precise de viajar só de metro, pagará tanto quanto o tal passageiro saltitão, que utiliza a rede completa”, descreve.