“Este congresso demorou tempo a mais a chegar” e “a precariedade enfraquece a vossa profissão”. Estas foram algumas das afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa que, na tarde de quinta-feira, discursou diante de uma audiência composta por jornalistas. O Presidente da República falou no quarto Congresso dos Jornalistas que, depois de um hiato de quase 20 anos, regressou com o mote “Afirmar o jornalismo” e ocupou o cinema São Jorge, em Lisboa.
As palavras de Marcelo focaram-se essencialmente nos problemas e desafios que a profissão enfrenta, levando-o a reforçar a ideia de que “sem jornalismo estável, forte e independente não há democracia sólida e de qualidade em Portugal ou em qualquer sociedade livre”.
Marcelo afirmou ainda que o efeito da crise económica e financeira “ameaça” a comunicação social, uma situação que tem vindo a repercutir-se tanto na vida dos jornalistas como dos portugueses em geral.
“Quase um terço dos cerca de 7.750 profissionais é constituído por estagiários. A crescente precariedade do seu estatuto traduz os problemas do sector”, continuou, fazendo referência à imprensa local e regional que foi morrendo, às rádios locais que se extinguiram, a alguma “imprensa esvaziada” e ao fotojornalismo, tido como “uma das primeiras vítimas desta crise”.
“Só o digital permitiu atenuar a queda vertiginosa do papel em títulos de referência”, afirmou, para voltar a repetir que sem jornalismo forte e independente — que não se vergue aos poderes políticos, económicos, financeiros e sociais vigentes — “não há democracia sólida.”