O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, e antigo ministro socialista, Armando Vara acusa o antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha de mentir no Parlamento no relato da conversa que ambos tiveram durante um almoço no Centro Cultural de Belém — e garante que Luís Campos e Cunha queria fazer mudanças na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Depois de Campos e Cunha (que foi ministro das Finanças de José Sócrates apenas durante quatro meses) ter acusado no Parlamento José Sócrates de o pressionar para demitir a administração da Caixa e ter sugerido os nomes de Armando Vara e Carlos Santos Ferreira para uma eventual nova administração (o que acabaria por acontecer já com Teixeira dos Santos no lugar de Campos e Cunha), Vara reagiu. E acusa Campos e Cunha de mentir sobre o relato de uma conversa que tiveram.

Em declarações ao jornal i, Armando Vara relembra o almoço que ambos tiveram, a pedido de Campos e Cunha, no Centro Cultural de Belém, e garante que o economista e ex-ministro “não disse a verdade no Parlamento”. Segundo Armando Vara, Campos e Cunha te-lo-á chamado para esse almoço “porque estava a pensar mexer na Caixa Geral de Depósitos”, ao contrário do que disse no Parlamento, e diz que o então governante estava “nervosíssimo” devido à lei que tinha acabado de ser aprovada que não permitia acumular salários com pensões, tendo admitido até que estava a ser pressionado pela sua mulher.

Armando Vara diz ainda ao jornal que o antigo ministro estava “destabilizado” porque tinha escrito um texto sobre a sustentabilidade de investimentos públicos e “achava que havia uma conspiração na comunicação social sobre ele porque estava tudo a criticá-lo”. Sobre esse almoço, que Campos e Cunha dizia que era apenas uma conversa entre amigos e que até terá rasgado a fatura em frente a Vara para que não houvesse registo, Vara respondeu agora dizendo que não se lembra do pormenor mas que “nem ficou bem” a Campos e Cunha dizer que pagou o almoço do próprio bolso e que rasgou a fatura para não haver registo.

Após o testemunho de Campos e Cunha na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, José Sócrates e Teixeira dos Santos também acusaram o antigo governante de mentir. Campos e Cunha disse que Sócrates lhe exigiu “a demissão da equipa da administração, tendo sido sugeridos os nomes de Santos Ferreira e Armando Vara”. José Sócrates acusou Campos e Cunha de usar os quatro meses que esteve no Governo para atacar sucessivamente os seus antigos colegas. Teixeira dos Santos disse que os nomes de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara foram propostas suas, e não sugestões de José Sócrates.

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