A Polícia Judiciária (PJ) de Macau revelou, esta segunda-feira, um relatório sobre criminalidade que mostra que os crimes ocorridos dentro dos casinos aumentaram 19,2% no ano passado, com destaque para os “casos de sequestros resultantes de agiotagem para jogo”.

Em 2016 registaram-se 1.851 casos relacionados com o jogo (inquéritos e denúncias), incluindo 441 casos de agiotagem para o jogo (contra 318 em 2015) e 503 casos de sequestro resultante de agiotagem para jogo (em comparação com os 366 casos em 2015).

Na apresentação do relatório à imprensa, o diretor da PJ de Macau, Chau Wai Kuong, disse que os crimes relacionados com os casinos “não afetam a comunidade local”, já que os envolvidos não são residentes em Macau.

Outro crime que registou um aumento considerável foi o de tráfico de droga, com uma subida de mais de 40%. Foram registados 122 casos de tráfico de droga em 2016 (em 2015 tinham sido 85 e em 2014 um total de 103), sendo a cocaína a substância ilícita mais apreendida, num total de cerca de 20 quilogramas avaliados em cerca de 66 milhões de patacas.

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No ano passado foram detetados sete casos de tráfico de droga no aeroporto de Macau, tendo Chau Wai Kuong destacado o contributo da máquina de raio X instalada naquela infraestrutura e também a cooperação com a polícia de Hong Kong para desmantelar várias associações criminosas transfronteiriças de tráfico de estupefacientes.

No ano passado, os deputados de Macau aprovaram a revisão da lei da droga, que agrava as penas para o consumo até um ano e para o tráfico até 15 anos e introduz testes de urina como método de prova.

Esta segunda-feira, o diretor da PJ referiu “o efeito dissuasor” da nova legislação. “A droga é trazida das regiões vizinhas e vamos cooperar com os outros países, através da Interpol”, acrescentou.

Chau Wai Kuong disse ainda que será instalada uma máquina de raio X na futura Ponte Hong Kong — Zhuhai — Macau, justificando que “estas máquinas têm um efeito dissuasor” e que facilitam a ação das autoridades.

No consumo de droga também se verificou um aumento, nomeadamente no número de pessoas envolvidas: em 2016 registaram-se 59 casos com 131 pessoas, depois de no ano anterior terem sido registados 51 casos que envolveram 107 pessoas.

Foram ainda divulgados os números sobre a violência doméstica. Assim, desde a entrada em vigor da Lei de prevenção e combate à violência doméstica, a 5 de outubro, foram instaurados oito casos que envolveram oito autores e oito ofendidos.

“Esperamos que esta lei encoraje a apresentação de queixa pelas vítimas. Em alguns casos detivemos alguns criminosos, mas depois eles maltratam as crianças. Vamos ter uma reunião para discutir como melhorar a cooperação com o Instituto de Ação Social (IAS), porque este presta serviço de alojamento e colabora com associações cívicas”, disse Chau Wai Kuong.

“Para reprimir a violência doméstica precisamos da cooperação do IAS porque as crianças podem ser testemunhas nestes casos”, acrescentou.

Ainda no âmbito da criminalidade grave, a PJ indicou que em 2016 foi registado um homicídio, à semelhança dos dois anos anteriores.

Os casos de burla, em contrapartida, registaram uma diminuição de 24,4% em 2016 (329 casos, contra 435 em 2015 e 505 em 2014).

Também os crimes informáticos diminuíram 23,2% em relação a 2015, fixando-se em 466 casos, depois dos 607 registados em 2015 e 605 em 2014.

Os casos de delinquência juvenil também baixaram, tendo sido presentes oito menores ao Ministério Público. Em 2015 tinham sido 21 e em 2014 um total de 30.

Em termos gerais, no ano passado foram abertos 12.340 processos, ou mais 1.035 casos relativamente a 2015.