O Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, declarou o estado de emergência no país, a dois dias apenas da data em que é suposto ceder o poder ao vencedor das eleições presidenciais do mês passado.
Jammeh recusa abandonar a Presidência da Gâmbia, apesar das pressões internacionais nesse sentido e das ameaças de intervenção militar feitas por outras nações da África ocidental.
Os 90 dias de estado de emergência começam imediatamente, anunciou esta terça-feira a televisão estatal.
Jammeh considera que as eleições presidenciais foram afetadas por uma intervenção estrangeira que o Presidente considera ser “sem precedentes”.
Yahya Jammeh chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1994 e é acusado de graves violações dos direitos humanos, entre as quais detenções arbitrárias, tortura e assassínio de opositores no pequeno país de 1,9 milhões de habitantes.
Inicialmente, aceitou a derrota no escrutínio de 1 de dezembro e felicitou publicamente o vencedor, Adama Barrow, candidato da oposição coligada, mas depois mudou de ideias, ordenando ao exército que invadisse a sede da comissão eleitoral e contestando os resultados eleitorais junto do Supremo Tribunal.
O tribunal, por falta de juízes, disse que provavelmente não conseguiria analisar o caso antes de maio, e Jammeh defendeu que a Gâmbia deve aguardar a decisão judicial. A Nigéria já ofereceu refúgio ao Presidente cessante.
Por causa da crise, centenas de gambianos já começaram a abandonar o país em direção ao Senegal e à Guiné-Bissau.