A Grécia terá conseguido um saldo primário superior a 0,5% do PIB no ano passado, cumprindo assim o objetivo traçado pelas instituições da troika, mesmo com o bónus que decidiu dar aos pensionistas na parte final do ano, de acordo com uma comunicação da Comissão Europeia ao Grupo de Trabalho do Eurogrupo que está a ser citada pela agência Bloomberg. Mas, mesmo assim, vai precisar de mais austeridade para cumprir metas de 2018 e anos seguintes.

Quando o governo de Alexis Tsipras decidiu atribuir um bónus entre os 300 e os 800 euros aos cerca de 1,6 milhões de pensionistas com pensões inferiores a 800 euros, fê-lo dizendo que os 617 milhões de euros necessários eram apenas o excedente do saldo primário para além do objetivo que tinham de cumprir.

Depois de uma primeira reação negativa dos governos da zona euro, que decidiram castigar Atenas suspendendo as medidas de alívio da dívida no curto prazo, acordadas apenas umas semanas antes, o Eurogrupo recebeu garantias do governo do Syriza e acedeu a deixar tudo como estava.

Agora, são as próprias instituições que terão dado razão ao governo grego. Numa comunicação enviada pela Comissão Europeia ao grupo que prepara a reunião do Eurogrupo, composto pelos braços-direitos dos ministros de cada país, tipicamente secretários de Estado, os técnicos dizem que a Grécia deverá ter alcançado um saldo orçamental primário (ou seja, excluindo juros da dívida) melhor que previsto.

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Esta medida não foi a única que o governo grego implementou e que caiu mal entre os credores europeus, que não foram previamente consultados. O Executivo grego deixou também cair o aumento do IVA nas ilhas do Egeu, muito fustigadas pela vaga de refugiados que têm recebido, e contratou mais cinco mil médicos e enfermeiros para colmatar insuficiências nos hospitais gregos.

As boas notícias acabam aqui. De acordo com a mesma comunicação, a Grécia terá de implementar mais medidas se quiser chegar ao excedente de 3,5% do PIB em 2018 e manter os resultados depois de terminar o programa de ajuda da troika.

Para além da austeridade, as instituições (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) dizem que é necessário discutir reformas estruturais na Grécia, especialmente as relativas ao mercado de trabalho e energia.

A comunicação surge numa altura em que a conclusão com sucesso da segunda revisão trimestral do programa grego continua a ser um ponto de interrogação. Desde que o terceiro programa foi acordado, há cerca de ano e meio, só uma destas revisões trimestrais foi concluída com sucesso.