O tema forte na agenda era a economia, uma vez que em cima da mesa estava a continuidade do acordo comercial (NAFTA) com o México e o Canadá. E na conferência de imprensa conjunta realizada esta segunda-feira na Casa Branca, depois de o presidente dos EUA e o primeiro-ministro do Canadá se terem encontrado pela primeira vez, Donald Trump garantiu estar a “analisar” algumas partes do acordo, referindo que este representa uma “situação muito menos grave” do que o acordo com o México.

Sobre o assunto, Trudeau fez questão de dizer que o Canadá é o maior parceiro comercial de 35 estados nos EUA e que o comércio entre os dois países é responsável por “milhões de trabalhos bem pagos de ambos os lados da fronteira”.

“É a obrigação do primeiro-ministro canadiano ter uma relação construtiva e operacional com o presidente dos EUA, e é precisamente isso o que pretendo fazer”, afirmou Trudeau em plena conferência. Já Trump declarou que os dois países partilham muito mais do que uma fronteira. “Partilhamos os mesmos valores, partilhamos um grande amor pela liberdade e partilhamos uma defesa coletiva.”

Imigração e refugiados: um tema ofuscado

Um dos tópicos quentes deste encontro foi a imigração, pelo menos da parte dos jornalistas que interrogaram repetidamente o primeiro-ministro canadiano e o presidente dos EUA na conferência de imprensa conjunta. Sobre o assunto, Justin Trudeau disse que não ia lecionar Trump sobre os refugiados sírios: “A última coisa que os canadianos esperam de mim é que dê lições a outro país sobre a forma como governam”, disse esta segunda-feira na Casa Branca. Já Donald Trump defendeu o seu controverso decreto anti-imigração, temporariamente suspenso por um juiz federal, ao afirmar que deseja ter “uma grande e bonita porta aberta”, embora não possa “deixar as pessoas erradas entrar”.

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De referir que Trudeau já chegou a ser declarado de “anti-Trump”, tendo em conta sobretudo as diferenças na política para os refugiados. Foi o primeiro-ministro canadiano quem escreveu no Twitter que todos aqueles a fugir “da perseguição, do terror e da guerra” eram bem-vindos no Canadá, poucos dias depois de Trump assinar a ordem executiva que proibia a entrada nos EUA de refugiados de sete países maioritariamente muçulmanos. Só no ano passado, o Canadá recebeu 40 mil refugiados sírios.

Uma conversa no feminino

Trump e Trudeau participaram ainda numa mesa-redonda sobre a participação das mulheres no mundo dos negócios. Na conferência, cuja organização teve também o contributo de Ivanka Trump — cujas vendas dos produtos estão em queda –, Donald Trump manifestou interesse em trabalhar com o primeiro-ministro canadiano para facilitar o acesso das mulheres empresárias ao capital.

“O sistema não está a funcionar assim tão bem”, disse Trump, referindo-se aos empreendedores e em especial às mulheres. Trudeau, por sua vez, defendeu que a participação das “mulheres nos negócios é uma poderosa alavanca para o êxito”. Do encontro resultou a criação de um grupo de trabalho para ajudar a impulsionar as mulheres no trabalho, no qual a filha de Donald Trump esteve envolvida.