O movimento de mercadorias nos portos portugueses deverá aumentar significativamente nas próximas semanas como consequência direta da greve dos estivadores espanhóis, que começa a 6 de março, disse fonte da Associação de Fabricantes de Automóveis à Lusa. Fonte da Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Camiões (ANFAC), que reúne alguns dos principais clientes do transporte marítimo, disse esta segunda-feira em Madrid à agência Lusa que os portos portugueses, juntamente com os do sul de França e norte de África, irão beneficiar caso a greve convocada pelo sindicato de estivadores em Espanha avance.

O ministro espanhol do Fomento, Ínigo de la Serna, tinha advertido na semana passada que a greve pode produzir danos importantes para a economia espanhola, visto que as empresas tomam decisões temporárias sobre o transporte de mercadorias em outros portos que se “podem converter em definitivas”.

Segundo a fonte da ANFAC, isso pode acontecer no caso de os preços de utilização desses portos alternativos serem competitivos face aos praticados em Espanha. O Governo espanhol aprovou na passada sexta-feira uma proposta de decreto-lei que liberaliza as condições de trabalho de estiva nos portos, cabendo agora às cortes (parlamento e senado) a sua aprovação no prazo de um mês. Os sindicatos dos estivadores entregaram pré-avisos de greve por um período de nove dias alternados ao longo de três semanas, com começo em 06 de março próximo, coincidindo assim com o período até à votação final.

Aquando da apresentação da proposta de lei na sexta-feira, o ministro do Fomento espanhol apelou à responsabilidade dos partidos políticos, explicando que, se o Senado não aprovasse o documento no prazo de um mês, a Espanha entraria num “círculo vicioso sem fim e teria de pagar 134 mil euros de multas, por dia”.

Ínigo De la Serna insistiu que o decreto cumpria estritamente a sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia de dezembro de 2014, que exige a liberalização do subsetor da estiva, o único em Espanha onde não existe liberdade de contratação de trabalhadores.

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